tag:blogger.com,1999:blog-69518302877821993212024-03-12T20:28:16.545-04:00I'll Share It With You(or not.)Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.comBlogger276125tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-85504687262913631332017-04-28T20:53:00.001-04:002017-04-28T20:53:00.218-04:00Verbalizando<span style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Eu verso </span><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Converso</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Me viro do avesso</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Do inverso</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Se versar é um verbo</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Conversar pode ser substantivo </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Avessar pode ser verbo também</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Inversar </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Substantivar</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">E verbar </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Pois bem</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Verbar é inventar</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">É ser criativo </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">E o mundo, meus amigos </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Pertence aos inventivos </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Verbemos sem limites </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Inventemos substantivos</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Pois limitar é um verbo </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Que só quero conjugar </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Se for prefixado com i </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Ilimitadas </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Somos eu e minha mente</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Eu verso infinitamente</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Versemos, verbemos, reverberemos</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">E enquanto o fizermos </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Infinitos seremos </div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-72591927441408444342017-04-12T20:04:00.001-04:002017-04-12T20:04:45.956-04:00O zoológico do tempo<span style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Poucas pessoas sabem, mas hoje me senti à vontade para compartilhar a história da pior forma de tortura que já existiu: o zoológico do tempo.</span><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Foi uma ideia peculiar... </div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Acho que uma boa introdução seria dizer que, em vez de carrinhos de comida, algodão doce e lembrancinhas, o zoológico do tempo vendia atendimento psicológico e psiquiátrico, lenços, remédios para dor de cabeça, chocolate e abraços.</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;">Isso, porque, apesar de parecer um zoológico comum, as jaulas onde deveria haver animais guardavam algo que prendia muito mais a atenção. O que havia dentro delas era uma imagem individual e íntima: cada um via a si mesmo, nas cenas em que fez alguma coisa da qual se arrependia. A diferença era que, dentro dessa jaula, o indivíduo optava por outra opção.</div><div style="color: rgb(69, 69, 69); font-family: UICTFontTextStyleBody; text-decoration: -webkit-letterpress;"><div>Podia ser um insulto a um colega ou um assassinato: em cada jaula, havia um arrependimento diferente, em ordem cronológica: mais perto da entrada, os arrependimentos mais antigos, e, perto da saída, os mais recentes.</div><div>As cenas se repetiam dolorosamente enquanto o indivíduo aguentasse ver. Eram poucos minutos de duração, suficientes apenas para mostrar exatamente o que afligia o espectador. Entretanto, não era possível ver como o futuro teria sido caso se tivesse tomado a decisão mostrada na jaula.</div><div>O zoológico era todo construído em linha reta, mas o caminho psicológico era extremamente tortuoso, e a penosa caminhada poderia durar minutos ou horas - dependia do quanto cada um estivesse disposto a revisitar seus fantasmas mais profundos.</div><div>Mas o mais forte eu deixei pra contar no final. A última jaula não era bem uma jaula: ela era um túnel, pelo qual era necessário passar para poder chegar à saída do zoológico.</div><div>Era a única visão diferente das outras. Em vez de ver os arrependimentos, cada pessoa via um resumo de todas as coisas boas que resultaram das decisões contrárias às que as jaulas mostraram, as decisões que haviam sido tomadas na vida real e geravam arrependimento. Entretanto, novamente, não era possível saber se essas coisas teriam se tornado reais caso as escolhas ao longo da vida tivessem sido outras.</div><div>No portão de saída, em letras douradas, estava escrita a frase:</div><div>"Você está onde deveria estar"</div><div>Apesar de ser torturante e perturbador, o zoológico do tempo não foi imaginado para fazer mal a ninguém. Ele foi idealizado por um psiquiatra que pensava não ter arrependimentos, que, genuinamente, acreditava ser o senhor de suas condições emocionais.</div><div>Um dia, porém, este homem decidiu entrar no zoológico, por pura exploração de seus próprios limites. </div><div>Os fantasmas do psiquiatra fizeram com que o zoológico fosse fechado à visitação no dia seguinte; depois de três semanas, o homem que acreditava ser o senhor das próprias condições emocionais cometeu suicídio. </div><div>E cá estou eu, depois de descobrir que ninguém nunca domina a si mesmo. </div><div>Criei o Zoológico para que as pessoas pudessem revisitar suas dores mais profundas e perceber que as coisas que acontecem são aquelas que devem acontecer.</div><div>Mas minha ideia nunca funcionou, e, tivesse eu sido um pouco mais perspicaz, saberia que meu experimento jamais poderia funcionar.</div><div>Isso, porque cada decisão, desde o momento infantil em que se decide comer ou deixar de comer a papinha que a mãe oferece, até as decisões de adulto, como casar-se, divorciar-se, demitir-se e outras da mesma sorte, influencia demais em todas as outras.</div><div>Só quando fui atacado e vencido pelos meus próprios fantasmas, eu entendi que o mundo não é de sim-ou-não. Assim, as decisões se multiplicavam em infinitas vezes para cada jaula. Havia infinitas combinações. </div><div>A alma humana não foi feita para infinitas combinações, essa é a minha conclusão final.</div><div>E só então, eu pude compreender o que realmente significava a frase "você está onde deveria estar", que eu mesmo escolhi para o portão.</div><div>A combinação que foi feita (mesmo que não tenha sido a que você escolheu), no fundo, era a única combinação possível. E essa é a lição póstuma que eu aprendi como psiquiatra.</div></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-75722299282339726742016-02-25T01:13:00.001-04:002016-02-28T01:24:33.644-04:00SignificadosHá muito se fala em paixão como um momento inicial que pode levar ao amor. Que o amor, mesmo na falta de paixão, mantém os casais juntos.<div>Por não gostar de acreditar que possa haver amor sem paixão, nem que uma paixão possa começar se não houver algum tipo de amor, hoje trago uma nova teoria.</div><div>A teoria da inquietude e da constância.</div><div>A inquietude seria o momento inicial, as famosas borboletas no estômago, o coração acelerado, toda aquela ciência relatando a atuação do sistema nervoso simpático, da liberação de endorfinas. </div><div>A constância... Amigues, a constância... Essa é na verdade um sinônimo do amor (com os meus olhos de hoje, que talvez estejam terrivelmente enganados, mas no momento enxergam isso como verdade absoluta). Não pode haver amor sem constância. Constantemente, querer a companhia, o cheiro, as palavras e a liberdade de analisar desde o formato das unhas do pé até os movimentos dos músculos dentro da pele de alguém. </div><div>Constantemente, querer cancelar todos os compromissos quando alguém pede companhia. Constantemente, trocar toda a vida lá fora por mais 15 minutos dentro do abraço de alguém... Constantemente se perguntar o porquê de não podermos congelar o tempo em qualquer momento em que estejamos com alguém.</div><div>A constância e o amor, amigues, acredito, vivem uma condição sine que non recíproca.</div><div>Muito se tenta explicar sobre o amor. Mas minha visão, com simplicidade, com olhos de quem muito recentemente o descobriu escondido em um turbilhão de coisas que eu acreditava que o eram, mas que na verdade o mascaravam, é pequena. Minha visão não é sobre fogo que arde sem se ver, nem de livro, sorte, pensamento ou teorema. Minha visão é que o amor é constante. </div><div>Assim como se define qualquer coisa, acredito que no dicionário essa definição deveria constar, e que isso seria suficiente para fazer-se entender.</div><div><br></div><div>Amor<b> /ô/ </b><i>substantivo masculino</i></div><div>1. Constante</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-20777946257208360982016-02-25T00:58:00.001-04:002016-02-25T00:58:01.811-04:00Biologia de vocêTudo na sua vida vai ser sobre você.<div>As suas papilas gustativas têm uma percepção diferente de todas as outras do planeta. Assim como seus olhos, seu nariz e cada receptor da sua pele. </div><div>A sua mente se organiza diferente de todas as outras do planeta.</div><div>Mesmo quando parecer que você entende alguém - e você entenderá se estiverem falando o mesmo idioma -, você nunca vai compreender exatamente o que aquela pessoa quis dizer. E o mesmo vale para você.</div><div>As discussões por pontos de vista não vão nunca chegar a uma resposta certa, porque a cor é uma característica da luz e não do corpo; a luz, por sua vez, depende dos olhos de quem vê. É física. </div><div>Tudo na sua vida vai girar em torno de você. A sua percepção sobre os seus pais, sobre os seus filhos, sobre todas as pessoas que um dia cruzaram seu caminho torna impossível que você conheça alguém por completo em todo o decorrer da sua vida. Você é incapaz de olhar para os outros sem a lente dos seus olhos. A lente do seu eu. </div><div>Ainda assim, como Voltaire, não concordar com o outro não te impede de defender o direito do outro de emitir a opinião. E as suas lentes em nada interferem no seu altruísmo, na sua solidariedade. As suas lentes, suas papilas gustativas, seu nariz, seus receptores, nada disso se sobrepõe à sua capacidade de percepção da única coisa em que você é igual a todas as pessoas do planeta, a sua humanidade.</div><div>A sua boca tem a mesma origem embrionária da pessoa ao seu lado e carrega os mesmos genes independente de que informações esses genes trazem.</div><div>E isso é verdade para o seu corpo todo.</div><div>Incluindo o seu cérebro.</div><div>O que você vai fazer com a sua mente?</div><div><br></div><div><br></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-42113796766824699532015-12-16T16:14:00.005-04:002015-12-16T16:14:52.284-04:00PolissíndetoCriança com imaginação fértil que era, Laura imaginava uma história para tudo o que aprendia, tudo o que via.<br />
Com o passar dos anos, suas experiências imaginárias poderiam tornar-se livros de crônicas. Ela havia viajado e conhecido intrigas e conquistas de todas as aulas de história que assistira, e conhecido histórias do descobrimento de cada detalhe da geografia, da invenção de cada fórmula da construção de toda a tabela periódica, dos filósofos, sociólogos e havia se colocado no lugar de cada pintor que conhecera nas aulas de artes, tentando sentir o que eles haveriam sentido em suas épocas.<br />
Porém, ela não gostava de português.<br />
Eram só regras, cada qual com suas muitas exceções, análises sintáticas que julgava inúteis. Não entendia como poderia haver uma interpretação correta para cada texto - já que acreditava que cada texto era uma autointerpretação do autor,e assim, de interpretação subjetiva para cada leitor.<br />
Até o dia em que teve uma aula sobre figuras de linguagem.<br />
E ela descobriu que cada figura de linguagem era um resumo da vida em si.<br />
Quantas metáforas cabem em uma frase apaixonada dos antigos escritores barrocos para tentar descrever seu amor? Quantas comparações faz uma criança tentando explicar seu mundo dentro de seu conhecimento? Quantos pintores nos trazem à mente a sinestesia? Quantas catacreses nos fazem esquecer o real nome dos objetos? Quantas vezes não nos importa o nome do livro, desde que ele seja um Machado de Assis?<br />
E a vida, e sua continuação infinita, e a finitude de cada ciclo de existência, e cada viagem imaginária ou não, e as dores, e os amores, quantos polissíndetos se encaixam neles?Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-46537056003400451112015-10-26T22:14:00.001-04:002015-10-26T22:14:27.807-04:00ReflexãoÉ uma coisa engraçada, a nossa confusão. Nossos conflitos internos. Como metade da gente diz que alguma coisa não é nada e a outra metade quer pegar qualquer coisa que estiver pela frente e tacar no chão. Como metade da gente só quer deixar passar e a outra metade quer espernear. Como o humor muda ao longo do dia, como o pensamento devaneia, como tudo parece pior para a metade dramática. Por outro lado, a metade desapegada parece ser aquela em que todo mundo se confia para sacanear... Então a dramática passaria de dramática para justa, porque apesar de devermos ser altruístas, isso não quer dizer que devemos nos tornar tapetes.<div>Porém, não ficar no chão não quer dizer também que devemos ser telhados. É difícil encontrar um meio-termo de resolução do conflito interno na hora de externalizá-lo, porque tapetes e telhados não chamam atenção. Como são engraçados os nossos conflitos internos.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-61671193659963069682015-08-02T14:46:00.001-04:002015-08-02T14:46:53.962-04:00Quem você é<span style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Escrever é um trabalho de lavagem da alma. Com as palavras, você tem o poder de convencer o cético, educar o leigo, cativar a todos. Ao mesmo tempo, porém, a escrita pode se virar contra o escritor e se tornar um fado, uma angústia, um sofrimento. É que muita gente não entende como se dá o processo de amar as palavras - e que escrever nada mais é do que interpretar a si mesmo.</span><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">A ideia brota como uma plantinha regada e depois toma formas variáveis como fumaça de incenso. Então, ela passa a ser uma grande árvore, talvez... Talvez uma acácia, enorme, majestosa. O largo tronco é a ideia principal. Os muitos galhos são os possíveis caminhos que as palavras podem seguir. Depois de decidir por onde conduzir o texto, ele perde as variáveis. Nesse ponto, veja a ideia como se estivesse vendo um filme. Ela precisa passar na sua cabeça em todos os detalhes sobre os quais você pensou.<div><div>Quando se escreve a ideia - atente aqui à minha intrínseca sugestão de só fazê-lo depois de ter todo o texto pronto na cabeça, e digo isso porque, na fase de árvore, é muito fácil se perder nos galhos e depois olhar para um texto que não desenvolveu todo o seu potencial - ela passa a ser um diamante bruto. Diamantes brutos podem ser valiosos, mas ainda não o são. São opacos quando retirados da terra como as ideias quando retiradas da sua mente.</div><div>O seu texto, depois do ponto final, precisa ser lido e imaginado várias vezes antes de estar pronto. Essa parte é como escolher feijões: exige atenção e paciência.</div><div>Lapidar o diamante, ao pé da letra, significa reduzir sua rugosidade, mas o processo exige que se saiba onde ele pode ser alterado. Assim acontece com o seu texto, que precisa ficar lisinho, agradável, e com você, que precisa ter todo o cuidado do mundo para não lapidá-lo no lugar errado.</div><div>Para escrever, além, claro, de todas as regras e dicas que se aprende na escola, existe uma condição sine qua non: ler. Para desenvolver o faro das ideias boas, aguçar a sensibilidade às palavras, aprender a lapidar textos com maestria, é preciso ler. É uma tarefa de humanidade aprender para si a arte que transformou a pré-história em História e tornou possível acumular conhecimento infinitamente.</div></div><div>Por fim, batize seu texto. Conheça-o profundamente e escolha um título que sintetize a ideia principal, mas que, ao mesmo tempo, não a entregue (saber o final do filme antes de assisti-lo estraga tudo, não é?), para instigar curiosidade no seu leitor. Escolha o nome do seu texto com o cuidado que você escolheria o nome dos seus filhos. É um caminho sem volta.</div></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">No fim das contas, escrever exige compreensão. As ideias são fugazes, a inspiração nem sempre vem quando você chama, as palavras podem trair. Porém, uma vez entendida a arte, olhar para o texto pronto e lapidado, galanteador, convincente e poderoso, forte como um diamante, brilhante sob qualquer ângulo, causa uma certa pompa. Quem se impressiona com suas palavras, no fundo está admirando quem você é.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-82525181787281420052015-08-01T10:08:00.001-04:002015-08-01T10:08:21.145-04:00Uma comprida história<span style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">É um dia de sol na São Paulo que é lar de mais de 11 milhões de pessoas. Olhando mais de perto, encontramos uma Helô - que costuma ser serelepe e radiante - triste e confusa a ponto de esbarrar em várias pessoas na rua por desatenção.</span><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Depois de finalmente chegar na estação certa (tendo errado duas vezes a entrada e ainda tentado embarcar no metrô com o bilhete do trem), ela se senta em uma cadeira e chora em silêncio para o celular. </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Para sua surpresa, depois de alguns soluços, recebe um cutucão delicado no ombro.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">- Desculpe. Estou te vendo muito triste. Queria dizer que se você precisar conversar estou aqui.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">(É importante salientar que ela não conhecia esse homem.)</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">- Desculpe, não me sinto à vontade para chorar minhas dores a um estranho.. Mas obrigada.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Após mais um tempo de angústia, foi interrompida de novo.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">A tristeza de Helô encontrou conforto para transbordar nessas palavras. Assim, ela contou ao estranho como se deram todos os seus problemas e tudo o que parecia ser importante para que ele pudesse tentar ajudá-la. Por coincidência, os dois desceram na mesma estação do metrô e tiraram mais alguns minutos para essa sessão terapêutica. Quando ela conseguiu parar de chorar, ganhou um perfumado abraço, agradeceu e cada um pôde seguir seu caminho.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Todas as noites que se seguiram trouxeram a Helô a curiosidade de saber o que faria um anjo como aquele estranho se interessar em ouvir uma mulher se queixar da vida (um homem! Com vontade de ouvir uma mulher se queixar da vida!) sem perguntar detalhes que um sequestrador perguntaria caso quisesse feri-la posteriormente. Sem julgar, sem banalizar, ouvindo atentamente e tentando ajudar. E cada dia mais, ela sentia vontade de saber algo sobre ele, de fazer dele algo mais além do estranho do metrô. Porém, em uma cidade tão grande, quais as chances de rever uma pessoa ao acaso?</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">As semanas se passaram e se tornaram meses.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">E agora vamos para uma São Paulo de chuva, onde, a pé, anda o sem sorte Eduardo, que esqueceu de sacar dinheiro e não conseguiu comprar capa de chuva com cartão de crédito. Além disso, ele está atrasado para o trabalho, não consegue pegar um táxi porque ninguém quer levar um homem ensopado e sua mochila não é impermeável - e guarda um computador.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Eduardo entra na primeira cafeteria que vê, para se proteger da chuva, se esquentar com um café e tentar secar o computador. Senta em uma mesinha no canto, abaixa a cabeça e massageia as têmporas.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">- Acredito que de todas as pessoas para as quais poderíamos chorar as nossas dores, uma estranha disposta seja a melhor. Vou te escutar, te acalmar e depois nunca mais vamos nos ver.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Dessa vez olhamos para uma Helô decidida a fazer da última frase uma mentira, um Eduardo disposto a aceitar e uma comprida história começando.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-46243978207663163392015-07-16T14:32:00.001-04:002015-07-16T14:32:31.766-04:00Dentro da porta<span style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Era uma vez uma porta no meio do nada, que não estava apoiada em parede alguma. Ninguém sabia quanto tempo fazia que ela estava ali e nem como lá chegara: desde que o mundo era mundo, aquela porta estava calmamente equilibrada sobre sua fina madeira e resistente a todo tipo de catástrofe natural como se fosse protegida por material invisível. Ao encostar na maçaneta e puxar a porta para ver aonde ela levava, cada pessoa via uma coisa diferente. Os boatos contavam que seriam universos paralelos, ou alucinações de quem tocasse a porta, espíritos, magia negra, ilusão ótica, buracos de minhoca (para os fãs de Stephen Hawking).</span><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Os anos se passaram e as imagens que as mesmas pessoas tinham de dentro da porta foram mudando. Cada um via uma coisa diferente.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">O segredo era que cada um via um universo onde todas as pessoas se comportavam como o observador. </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Todo tipo de inferno já foi visto por através daquela porta. Também todo tipo de paraíso. Essas afirmações se tornam verdadeiras a partir do momento em que se considera o inferno e o paraíso subordinados aos conceitos de cada um.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">O que você gostaria de ver se puxasse a maçaneta?</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-2306286892540552982015-07-06T08:13:00.001-04:002015-07-06T08:13:12.569-04:00Codinome<span style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Inspiração </span><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">É o beijo de bom dia,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">É o olhar profundo que diz</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Coisas que nenhum outro diz,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Que relampeja sentimentos</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">No coração </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Inspiração são mãos dadas</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Perguntar se tudo está bem</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">E se certificar de que,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Se não estiver,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Ficará</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">De que ela sempre esteja acompanhada </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Inspiração é o sorriso</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">De sol,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Que, dos marinheiros perdidos,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Navegantes de águas temerosas,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Seria o tão esperado</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Farol</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Inspiração é o beijo no pescoço,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Que faz fechar os olhos,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Que causa arrepio...</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">É expirar pesadamente</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Com a boca</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Sem sentir frio</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Inspiração é o encaixe</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Perfeito do abraço, </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">É o desafio estabelecido</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">A todas as condições </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">De tempo e espaço </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Inspiração </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">É dormir abraçado,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">E abraçar dormindo,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">E acordar sem levantar</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Pra passar o dia na cama,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Abraçado e sorrindo</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Inspiração é o combustível </div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Do escritor</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Para viver os dias,</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">É a palavra mais linda</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Que já se disse</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Sobre amor</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><br></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-35189740638632314942015-07-05T22:16:00.001-04:002015-07-05T22:49:54.188-04:00Um caso de amor<span style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Era uma vez um alpinista. Ele amava o que fazia mais do que tudo dentre todas as coisas que conhecia e as que poderia vir a conhecer.</span><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Depois de ter sofrido um sério acidente e ter passado meses acamado se recuperando, ele decidiu parar de buscar aventuras, mesmo sabendo que algum dia voltaria a escalar (porque quem ama precisa praticar o amor). </span></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Então, uma montanha nova começou a tentá-lo. Ela parecia ser gentil, apesar de ele saber que seria uma caminhada inóspita e cansativa. Ele resistiu. A montanha parecia chamá-lo, tentando-o, brincando com seus sentimentos como uma mulher ingrata seduz um homem sem intenção de ceder, sabendo que ele a ama. </span></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Como todo homem apaixonado, este também se deixou seduzir. Aceitou a ingrata montanha de braços abertos, juntou equipamento e começou um longo caminho. </span></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Nos primeiros dias de escalada, o alpinista se perguntou por que em algum momento ele deixou de escalar. Aquele sentimento era de liberdade, de segurança, força e potência. Escalando aquela montanha, ele poderia fazer qualquer coisa. </span></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Porém, em qualquer relacionamento, nem tudo são rosas. A neve era densa e a comida, escassa. O cansaço chegou e o relacionamento com a montanha deixou o alpinista, antes apaixonado, confuso, fraco e com esperança de ser levado pela morte o mais logo possível para que aquele sofrimento finalmente tivesse um fim.</span></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;"><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Na impossibilidade de morte, ele não teve outra saída senão continuar escalando, vagarosamente e cheio de dúvidas e incertezas. E assim, os dias se seguiram. </span></div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Como alguém sempre tem que ceder, um dia, isso aconteceu. Ao chegar em determinado ponto, o alpinista entendeu o porquê de ter sido enviado àquele lugar e de ter sobrevivido em meio à insalubridade. O céu se abriu e mostrou a que altura aquele homem estava, em uma profundidade intangível e soprado pelo vento feroz, puro e gelado, acariciando o maltratado rosto do alpinista emocionado. Era como se a montanha estivesse se redimindo, como se ela estivesse lhe oferecendo rosas, pedindo compromisso, esperançosa de ser perdoada pela malcriação.</div><div style="color: rgba(0, 0, 0, 0.701961); font-family: UICTFontTextStyleBody; -webkit-composition-fill-color: rgba(130, 98, 83, 0.0980392); text-decoration: -webkit-letterpress;">Naquele momento, não se tratava mais de um esportista trabalhando. Era uma história sobre um homem apaixonado e uma fera domada. Alguém que, por definição, é alpinista, só pode receber de braços abertos o pedido de desculpas de uma montanha outrora indelicada.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-57533266018763757922015-07-03T13:26:00.000-04:002015-07-03T13:26:12.066-04:00Em época de guerraEm um avião de guerra, estava um único soldado negro, contente pela oportunidade de defender seu país, mas desmotivado pelo preconceito da parte de todos os outros soldados, que tinham pele clara.<br />
O avião ia em direção a um minúsculo e falido país em algum lugar obscuro do globo, e aos soldados coube a incumbência de eliminar todos que se interpusessem no caminho que eles deveriam fazer até a autoridade máxima do tal país, a quem solicitariam os direitos sobre as riquezas minerais daquela nação.<br />
Não foi difícil para um avião de última geração, de um país desenvolvido e tripulação treinada, pousar naquela pobre terra. O barulho causou alvoroço, mas a população não reagiu com violência.<br />
O primeiro a descer do avião foi o soldado negro, que se sentiu aliviado por finalmente poder se distanciar um pouco dos colegas.<br />
Os soldados do país chegaram pouco a pouco. Seus uniformes eram vestimentas de tecido fino, eles carregavam armas rudimentares e não pareciam nem um pouco hostis. Para o soldado negro, o que impossibilitou conflito foi que todos eles eram também negros. Não pareciam esperar que um estrangeiro tivesse a mesma cor de suas peles.<br />
Sendo iguais, como poderiam entrar em combate?<br />
Quando os outros soldados desceram do avião, eles também se surpreenderam. Em vez de inimigos, eles viram pessoas curiosas querendo saber o que se passava. Pessoas descalças e sujas, mas ainda assim pessoas. Pessoas de cor diferente e que falavam línguas diferentes, mas ainda assim pessoas. E para todos os soldados, o que impossibilitou o conflito foi que todos eles eram também pessoas. Não pareciam esperar que um inimigo tivesse o mesmo sangue correndo nas suas veias.<br />
Sendo iguais, como poderiam entrar em combate?Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-35042765440856197442015-01-14T09:21:00.001-04:002015-01-14T09:22:01.784-04:00MotivacionalComemorar a entrada de um ano significa renovar as energias e iniciar um novo capítulo da vida. O que a maioria das pessoas não percebe é que todos os dias nós iniciamos novos capítulos a serem vividos. Resoluções de ano novo? Deviam ser resoluções de dias novos. Por que esperar o próximo ano se você pode começar agora? É óbvio dizer, mas algumas pessoas esquecem: todos os dias têm 24 horas. Assim, o tempo que você passa procrastinando é o tempo em que milhões de pessoa estão fazendo aquilo que você sempre quis e nunca teve coragem. A vida não perdoa os enrolões. Faça de todos os dias uma nova oportunidade de correr atrás. Tenha resoluções de dias novos e comece agora o que você quer fazer!Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-66430602449401640942014-11-08T22:41:00.001-04:002014-11-08T22:41:11.702-04:00Inspiração<span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Estava sentada havia horas. De olhos vermelhos, cansados</span><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">olheiras profundas e acompanhada</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">por três canecas de café, vazias;</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Tentava escrever havia dias.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Não havia texto motivador</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">que me iluminasse, ou imagem </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">pela qual eu me interessasse!</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Tudo o que eu havia lido</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">era enrolação, clichê ou balela,</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">eram palavras sem sentido.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Inspiração sentou-se ao meu lado</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">(Ele entrou voando pela janela)!</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Sorriu e brincou comigo.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Era um homem, de cabelos encaracolados..</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E ele tinha um cheiro macio,</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">cujos olhos preencheram o vazio</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Do qual eu estava cheia!</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E agora a noite esperneia!</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E ela tem suspiros esparsos...</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Inspiração caminha, basta um passo </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E o sangue ferve em minhas veias</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Um turbilhão de pensamentos,</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Se desenrola e chovem flores</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Inspiração era um homem eficaz...</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">O problema era: quando</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">As histórias tomavam formas e cores</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Ele dormia e eu queria mais</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Inspiração suspirava e dizia </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">que não!</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Eu o chamava e ele estendia os braços</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">num abraço me puxando para perto</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Eu esbravejava em compasso</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">"Mas você só me inspira se estiver desperto.."</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Sem acordo. Ele era inflexível.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Ele me acordava com beijos inesquecíveis.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Pedia perdão por ter de me deixar, com uma voz manhosa..</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E as andorinhas em seus cabelos voavam, </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">num turbilhão.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">O céu da tarde ficava cor-de-rosa:</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">uma revoada de pássaros de ideias </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">me deixando sem nenhuma.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Fazia mais café e juntava as plumas.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Estava flechado, meu coração.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Fingia estar perdida</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">esperando a visita de Inspiração.</span></div><div style="font-family: 'Helvetica Neue Light', HelveticaNeue-Light, helvetica, arial, sans-serif;"><br></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-46467371102018214432014-07-31T15:53:00.001-04:002014-07-31T15:53:39.376-04:00O leitor de olhares<span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Era uma vez um menininho de olhos coloridos e penetrantes que exibiriam nuances diferentes cada vez que fossem examinados. Cresceu com a mania de brincar com os olhos das pessoas, de tentar ler o que estava escrito dentro deles. Dizem que se você souber passar através dos olhos de alguém, estará lendo sua alma. À medida que crescia, desenvolvia mais a habilidade de desvendar pensamentos escondidos nos olhares. O grande problema é que essa ciência é extremamente inexata, uma vez que em uma alma cabem milhões de sentimentos e olhos são pequenos demais para todos eles, conseguindo transmitir apenas alguns por vez. Com isso, alguns sentimentos entram em estado de "latência" e os olhos só refletem impressões imediatas e superficiais. </span><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Observando o céu, ele teve uma brilhante ideia. Esperou que a primeira estrela cadente passasse e fez o pedido: queria ler olhares. Era um dom muito sério e que nunca havia sido concedido a ninguém antes, e ele foi advertido que nunca poderia condicionar suas ações ao que lesse dentro de outros olhos.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Ler sentimentos é um tanto delicado. Quando se faz isso sem ter um acordo com divindades, é preciso observar a posição das sobrancelhas, a contração dos músculos da face e toda a linguagem corporal em mínimos detalhes. Quando se passa a vida inteira treinando a observação desses detalhes e o acordo é somado à habilidade, é como comprar um avião, apesar de ter asas e saber voar. Se algum olhar cruzasse com o dele, podia ser lido e nenhum sentimento ficava de fora: ele enxergava tudo. Ler as almas dos outros é uma invasão de propriedade ampliada milhões de vezes. </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">O dom da leitura de olhares revelou que muita gente no mundo é triste e guarda esse sentimento para si, em vez de buscar um ombro amigo. Que muita gente ama sem se declarar, odeia sem se libertar, sonha sem realizar. O possuidor desse dom tornou-se ótimo ouvinte, rei do cavalheirismo, uma alma solidária, que dedicou-se a tentar melhorar as vidas alheias baseado em tudo o que vira. Tentou juntar casais, ajudar as pessoas a transformarem sonhos em metas, a fazerem amigos e a se expressarem. Mas ele ficava profundamente desapontado em ver que nada disso ia para a frente. Sempre havia uma desculpa que minimizasse o problema que na verdade era a dor máxima de cada um.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Um dia, ele se apaixonou instantaneamente por uma mulher cujo rosto nunca tinha visto: ela passava todos os dias pelo mesmo lugar, mas sempre de costas. Quando a moça se virou e o encarou pela primeira vez, ele esperou a enxurrada de pensamentos, mas nada veio. </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Ela tinha olhos que os dele nunca antes haviam encontrado: suas íris eram escuras como as pupilas, exageradamente homogêneas, mas cortadas por um raio cor de mel. E toda a ciência e toda a magia do mundo não foram suficientes para violar aquela alma intangível.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Apaixonar-se por ela foi um problema: o dom de ler olhares sem esforço o havia transformado em um grande preguiçoso, que não mais se esforçava para decifrar linguagens corporais das pessoas, esperando entendê-las a fundo pelo que via em seus olhos. Condicionara suas ações ao que lia em olhares, e ainda se lembrava de que as divindades o tinham advertido a não fazer isso. O fato é que procurar entender as outras pessoas é o que acentua a humanidade em nós.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">E ela demonstrava um raio caramelado de tristeza cada vez que as interpretações dele falhavam. Ele pediu a revogação do acordo e precisou buscar novamente os recursos dentro de si para compreendê-la; quando finalmente conseguiu, enxergou em seus olhos tudo o que tinha passado a vida inteira buscando, alicerçado em seu dom: um sentido para o mundo inteiro. </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Nos raios de mel das íris dela, estava escrito o amor - e mais nada. E mais nada precisava ser lido, no fim das contas.</span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-36789633566392821312014-07-11T15:05:00.001-04:002014-07-11T15:05:10.612-04:00Viver durante um genocídioQuando eu era criança, nos anos 80, meus avós me contavam que houvera uma época em que os tutsis e os hutus viviam em paz, partilhando do mesmo idioma, das mesmas tradições e do mesmo solo. Porém, os colonizadores belgas enxergaram em nosso povo - os tutsis - uma inexistente superioridade. Para eles, nós nos destacávamos por sermos um pouco mais altos, de pele um pouco mais clara, e isso significava que nossos compatriotas hutus eram inferiores tanto física quando intelectualmente.<div>Quando a Segunda Grande Guerra acabou e os belgas se retiraram de nosso território, já era tarde demais. Eles haviam passado anos fomentando a discórdia entre nossas etnias e a semente da guerra já estava plantada. </div><div>O que aconteceu foi que vi meu povo ser dizimado. Os hutus tomaram o poder, que, desde a independência da Bélgica, nos pertencia, e, se um humano tem direito de ser intolerante perante a outro, então eles fizeram uso desse direito sem escrúpulos. Minhas amigas foram estupradas e seus filhos foram mortos. Os hutus cortavam os pés dos tutsis para que ficassem todos com a mesma estatura. Meus avós fugiram comigo depois que meus pais foram mortos, para um campo de refugiados no Zaire que me lembrava os campos de concentração dos judeus. Foi o fim da linha para meus protetores: me manter segura lhes custou a vida. </div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Meus avós não inventaram nada do que me contaram. Foi uma história real, oriunda de quem vivia esses tempos de paz, que eu nem imaginava. Eu já nasci marcada. Nasci tutsi e isso fazia, de mim, superior para os belgas e merecedora da morte para os hutus.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Fui acolhida por um senhor chamado Paul, gerente de um hotel, onde ele escondeu mais de mil tutsis e hutus cujas vidas foram salvas. Quando essa história veio à tona, ele ficou conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda. </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Na mesma cidade onde eu estava escondida, todo esse caso foi dado por terminado quando um grupo tutsi chamado Frente Patriótica Ruandesa tomou o poder das mãos dos hutus, com o apoio do exército. </span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Mesmo assim, é errônea a ideia de que o Genocídio de Ruanda hoje só existe nos livros. Ele está impregnado em nossas peles, marcado a ferro em nossas almas e de fato ainda acontece nas regiões em que a mídia não se atreve a meter o nariz. </span></div><div><span style="background-color: rgba(255, 255, 255, 0); -webkit-text-size-adjust: auto; font-family: 'Helvetica Neue Light', HelveticaNeue-Light, helvetica, arial, sans-serif;">Os últimos presidentes vêm tomando medidas para amenizar a inimizade, e acredito que ainda vou viver para ver a história que os meus avós me contaram, sobre tutsis e hutus que não estavam um contra o outro, e sim, convivendo em paz com as diferenças quase imperceptíveis. Estou fazendo a minha parte: meu marido é hutu - eu o conheci no hotel do senhor Paul - e nossos três filhos se amam incondicionalmente. Nós os ensinamos nossos dialetos e lhes contamos nossas histórias, e eles assimilaram e a vida segue. É assim que se supera uma marca tão profunda na alma como viver durante um genocídio.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);"><br></span></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-77126763764886061352014-05-03T14:52:00.001-04:002014-05-03T14:52:21.670-04:00Somos todos penínsulasNunca diga que algum ser humano é uma ilha. Segundo o Pequeno Príncipe (que ninguém ousa contestar), é impossível ser feliz sozinho. Mesmo que deixemos de compartilhar certas coisas com os outros, a vida precisa estar alicerçada na comunicação. O corpo humano só se desenvolve dentro de outro corpo humano. Isso faz de nós penínsulas, e não ilhas, ligadas uns aos outros pelos sentimentos. Tudo o que acontece a um semelhante nos atinge - esse é nosso istmo.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-58860057448865584182014-04-26T20:42:00.001-04:002014-04-26T20:42:58.881-04:00Carne, osso e amorNormalmente, as aulas de filosofia começam a ser ministradas em colégios a partir da 5ª série, 6º ano, do ensino fundamental. Nessa primeira aula, uma professora estava explicando para crianças de 11 anos sobre como somos feitos de carne e osso, sobre como somos perecíveis e frágeis enquanto humanos. Foi contestada.<br />
"Não acredito que sejamos feitos de carne e osso. Não é possível que passemos a vida toda fazendo o bem e plantando o bem para não colher nada no fim. Acredito que sejamos feitos de uma coisa muito mais forte, que nos eternize, que nos enobreça. Acredito que sejamos feitos de carne, osso e amor."<br />
Carne, osso e amor. Realmente, pensou ela. O que mais seríamos?Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-63866284665568123492013-12-31T18:49:00.001-04:002013-12-31T18:49:59.927-04:00A virada de um anoO ano passara e Elizabeth nem vira. Parecia-lhe que fechara os olhos em janeiro e os abrira em dezembro. <div>
Ela tivera um ano difícil.</div>
<div>
Fora despedida. Perdera dois primos em um acidente de carro. Precisara se mudar para um lugar menor porque o novo emprego não tinha um salário tão bom quanto o primeiro. </div>
<div>
Quando se está ocupado, o tempo passa rápido. Elizabeth estivera o ano todo ocupada lamentando-se dos acontecimentos ruins de sua vida.</div>
<div>
No dia 31, ela entrou no minúsculo banheiro de seu apartamento sozinha com alguns cosméticos.</div>
<div>
No dia primeiro, ela saiu do minúsculo banheiro com cosméticos espalhados pelo corpo inteiro. E uma atitude nova. E um ingresso para uma festa com os amigos.</div>
<div>
No ano seguinte, Elizabeth fez tudo diferente. Não consultou psicólogos e nem tomou antidepressivos. Foi curada pelo sopro de vida da novidade. Um ano inteiro, com um cronômetro voltando pro zero e começando a contar de novo. É muito difícil encontrar alguma coisa no mundo tão revigorante quanto a virada de um ano.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-68757142493317177012013-12-13T11:16:00.000-04:002013-12-13T11:16:51.495-04:00EvaExplodiu. Uma grande explosão colorida de sorrisos vívidos. No começo, o mundo estava um pouquinho borrado, mas depois, ficou fácil enxergar a dança de <i>pseudos</i>. Pseudônimos, pseudo-saúde, pseudo amigos, tudo ilusório.<br />
Nas sujas ruas da imunda São Paulo, cada rosto empoeirado empoleirado em alguma esquina cheirava a perigo - e isso era bom. Os saltos faziam barulho no cimento das calçadas e chamavam atenção. O enorme cabelo cacheado esvoaçava e tocava de leve em algumas pessoas. O curto vestido deixava claro que se tratava de uma Mulher, com M maiúsculo. O batom vermelho dizia "siga-me", e, francamente, quem resiste a um belo par de olhos castanhos?<br />
Pseudônimo Eva. Saudável por fora, lindas pernas, sorriso branco, seios fartos. Bomba, dentadura, silicone. Os amigos com quem ela andava eram seus clientes. Eles a seguiam até onde quer que ela fosse - qualquer lugar vazio - e tirasse a dentadura para mostrar suas demoníacas presas e se alimentar de seu sangue e dinheiro.<br />
Eva, colorida, sorridente e vivaz, era a prova viva de que as aparências enganam muito.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-13187390442097210652013-11-29T21:14:00.000-04:002013-11-29T21:14:29.194-04:00Corpos vazios - parte II<span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Certa vez, o gerente da Plano Espiritual, Deus, precisou se ausentar da fábrica durante uns dias. Antes de ir, Ele separou uma alma para cada humano que seria fabricado durante o período de sua ausência.</span><br />
<span style="-webkit-text-size-adjust: auto; background-color: rgba(255, 255, 255, 0);">Os controladores deveriam envelopar as almas e inseri-las nas mães; por não estarem acostumados a lidar com almas envelopadas (que são extremamente teimosas e fujonas), decidiram plantá-las no ventre das mães depois que já tivessem terminado completamente de fabricar os humanos.</span><br />
O único detalhe foi que eles esqueceram dessa parte.<br />
Envelopes vazios foram depositados em todos os humanos que nasceram nessa época.<br />
O erro passou despercebido, uma vez que almas fujonas podem plantar a si mesmas em qualquer lugar. Passado tempo suficiente para que os bebês sem alma se transformassem em adultos, observou-se, no mundo, uma tendência muito estranha: o extermínio de humanos, cometido e defendido pelos próprios.<br />
O Departamento de Investigação precisou puxar históricos de todas as almas que residiam na Plano Espiritual para descobrir o que acontecera e o porquê. Isso levou seis anos e custou seis milhões de vidas.<br />
Ninguém, nem na Plano Espiritual, nem em algum universo paralelo e muito menos na Terra, tem o poder de devolver vida a corpos mortos - mas o Departamento de Segurança pôs um fim no Holocausto.<br />
Quando o líder desse programa tirou a própria vida - outro trabalho dos controladores - nada saiu de dentro dele para retornar à Plano Espiritual, comprovando ser um corpo desprovido de alma.<br />
As almas das vítimas dessa falha foram recompensadas com novas vidas terrenas, que viveram com paz e saúde. Foi uma forma de pedir desculpas a elas por tanto sofrimento. Além disso, toda vez que retornam à Plano Espiritual, participam ativamente da montagem de novos humanos.<br />
Após esse episódio, a linha de montagem foi aperfeiçoada e trabalhos em conjunto entre a Plano e alguns humanos (com destaque a um brasileiro chamado Francisco, vulgo Chico) trouxeram à tona a existência de almas com consciência e independentes de corpos.<br />
Dizem que a alma endereçada ao menino Adolf foi envelopada e depositada em alguém que viveu na Terra e disseminou o amor durante longos anos, fazendo trabalhos voluntários, junto com corpos que continham as almas das vítimas dos homens de corpos vazios.<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-6416688853170164872013-10-01T14:27:00.000-04:002013-11-15T15:55:09.341-04:00Corpos vazios - parte IUm modo muito simplificado de compreender o mundo é enxergá-lo como uma linha de produção macroscópica. Para explicar essa teoria, vou admitir 1) que Deus existe e é responsável pela criação do homem e 2) que, antes de existir na Terra, existimos em um plano espiritual. Então:<div>A Plano Espiritual é a fábrica de humanos que tem um contrato eterno com a Terra. Quando um novo humano é encomendado, envia-se um envelope contendo uma alma do Departamento de Almas (que só pode ser acessado pelo fundador e gerente da fábrica, conhecido como Deus) para o Departamento de Montagem. Lá, controladores trabalham durante nove meses para que o novo humano se desenvolva, de acordo com suas características espirituais, dentro do ventre de quem o encomendou. Terminações nervosas, coração batendo, tudo isso são os controladores trabalhando. A alma é a primeira coisa do processo, inserida na mãe quando o bebê ainda é um microscópico embrião. Ela fica em estado de latência. Quando entra em contato com o ar e o bebê respira o primeiro sopro de vida da Terra, ela acorda e se desliga do canal de contato com a Plano Espiritual. A vida mundana será uma fase de aprendizado para essa alma que não se lembra de nada relacionado ao mundo de onde veio.<br><br></div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-23768789797228280042013-09-15T22:08:00.001-04:002013-09-15T22:08:14.401-04:00Todos os diasEle se lembrava do começo do relacionamento, em uma festa, e de toda a linha do tempo estabelecida durante o ano que se seguiu. Fotos juntos, declarações em público, planos de vida, promessas e os rios de gargalhadas e carinho, ele via tudo claramente. De repente ele se lembrava que ela o olhava com desapontamento, passava dias em silêncio e não o queria mais. Então, alguém o acordava. Ele olhava para o lado e ela estava lá, colega de classe na faculdade, sem saber que ele existia, intangível. Todos os dias, ao vê-la, ele sonhava a mesma coisa.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-39114280549670136302013-08-18T21:40:00.001-04:002013-08-18T21:40:56.952-04:00Livros-consciênciaHouve uma época em que, ao nascer, cada pessoa ganhava um livro em branco. Assim que começasse a tomar as próprias decisões, o livro começava a escrever em si mesmo, e a história que ele continha era a da vida de seu dono, de modo que o final dela sempre seria o momento presente daquela pessoa. <div>Cada decisão da história de todas as vidas, nessa época, era documentada, e para descobrir tudo sobre a vida e os pensamentos de alguém, bastava ter seu livro em mãos.</div><div>Estes livros, infelizmente, tornavam as pessoas muito influenciáveis. Como era possível prever as ações premeditadas de alguém, também era muito fácil saber como persuadi-las. A solução foi transferir seu conteúdo para algum lugar individual.</div><div>Assim, as próximas gerações deixaram de ganhar livros e passaram a ganhar consciências. Suas autobiografias agora eram pessoais e intransferíveis, intangíveis, de modo que só seriam compartilhadas com quem elas escolhessem. </div><div>Em um futuro distante, cientistas descobriram a historia da origem das consciências e começaram uma busca pelos livros de antigamente.</div><div>Os livros-consciência, aparentemente, não tinham sido extintos: tinham sido adaptados para não revelar a identidade de seus donos e, depois, publicados. Cada um dos livros do mundo, então, era uma consciência. Todos os livros publicados seriam consciências de pessoas que não ligariam se fossem lidas e cujas idéias seriam repassadas para outras.</div><div>Por isso, se aconselha três coisas para cada humano: ter um filho, plantar uma árvore e.. Escrever um livro. Escrever uma consciência. Ser um livro aberto. O senso comum de todos os humanos se desenvolveu porque todos se fizeram a mesma pergunta quando souberam da historia das consciências: se nossas autobiografias se escrevessem sozinhas, o que estaria publicado nelas hoje?</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6951830287782199321.post-46644715615029776852013-08-03T23:48:00.001-04:002013-08-03T23:48:07.355-04:00Odiava a si mesmoEra uma besta, de dois metros e dez de altura e duzentos quilos. Ele tinha cicatrizes no corpo todo e a pele áspera e impenetrável. Não podia mais andar na rua porque as pessoas ficavam apavoradas ao ver tamanha aberração. Era um homem extremamente infeliz, por ser tão diferente de todos os outros, tão fora do padrão. Odiava Deus fervorosamente por tê-lo feito passar por essa vida tão medíocre e condenada ao anonimato ou a testes laboratoriais e manchetes sensacionalistas chamando-o de monstro.<div>Certo dia, encontrou uma moça delicada e pequenininha que, sorridente, dizia que amava homens altos, fortes e com cicatrizes de guerra. </div><div>Ao ganhar um beijo dela, ele se transformou em um homem como todos os outros, de estatura, peso e aparência medianos. Sua pele ficou macia e suas cicatrizes sumiram. A moça ficou desiludida com o que ele era e o que passou a ser e o abandonou.</div><div>Era um ser humano, de um metro e oitenta e noventa quilos. Ele tinha uma pele suave e macia. Quando andava na rua, as mulheres ficavam encantadas.</div><div>Era um homem extremamente infeliz, por ser tão igual a todos os outros, tão dentro do padrão e principalmente por ter perdido o amor de sua vida. Odiava Deus fervorosamente por tê-lo feito passar por essa vida tão medíocre e condenada a ter a aparência que sempre quis e, ainda assim, viver uma vida vazia.</div><div>Odiava a si mesmo e às circunstâncias de sua vida, por ter desejado mudar sem perceber que aquela característica que ele odiava era o que o tornava tão especial para alguém.</div>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/10303090125885946569noreply@blogger.com0