sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Corpos vazios - parte II

Certa vez, o gerente da Plano Espiritual, Deus, precisou se ausentar da fábrica durante uns dias. Antes de ir, Ele separou uma alma para cada humano que seria fabricado durante o período de sua ausência.
Os controladores deveriam envelopar as almas e inseri-las nas mães; por não estarem acostumados a lidar com almas envelopadas (que são extremamente teimosas e fujonas), decidiram plantá-las no ventre das mães depois que já tivessem terminado completamente de fabricar os humanos.
O único detalhe foi que eles esqueceram dessa parte.
Envelopes vazios foram depositados em todos os humanos que nasceram nessa época.
O erro passou despercebido, uma vez que almas fujonas podem plantar a si mesmas em qualquer lugar. Passado tempo suficiente para que os bebês sem alma se transformassem em adultos, observou-se, no mundo, uma tendência muito estranha: o extermínio de humanos, cometido e defendido pelos próprios.
O Departamento de Investigação precisou puxar históricos de todas as almas que residiam na Plano Espiritual para descobrir o que acontecera e o porquê. Isso levou seis anos e custou seis milhões de vidas.
Ninguém, nem na Plano Espiritual, nem em algum universo paralelo e muito menos na Terra, tem o poder de devolver vida a corpos mortos - mas o Departamento de Segurança pôs um fim no Holocausto.
Quando o líder desse programa tirou a própria vida - outro trabalho dos controladores - nada saiu de dentro dele para retornar à Plano Espiritual, comprovando ser um corpo desprovido de alma.
As almas das vítimas dessa falha foram recompensadas com novas vidas terrenas, que viveram com paz e saúde. Foi uma forma de pedir desculpas a elas por tanto sofrimento. Além disso, toda vez que retornam à Plano Espiritual, participam ativamente da montagem de novos humanos.
Após esse episódio, a linha de montagem foi aperfeiçoada e trabalhos em conjunto entre a Plano e alguns humanos (com destaque a um brasileiro chamado Francisco, vulgo Chico) trouxeram à tona a existência de almas com consciência e independentes de corpos.
Dizem que a alma endereçada ao menino Adolf foi envelopada e depositada em alguém que viveu na Terra e disseminou o amor durante longos anos, fazendo trabalhos voluntários, junto com corpos que continham as almas das vítimas dos homens de corpos vazios.