terça-feira, 31 de janeiro de 2012

domingo, 29 de janeiro de 2012

Desafio dos 50 dias

Dia 12: Uma foto que define sua faculdade, ou a que quer fazer

Cinema. A foto não podia deixarde ser do mestre Roman Polanski.


sábado, 28 de janeiro de 2012

Que Me Tocam

Essa música se chama Till There Was You, é do filme The Music Man, e pode ser assistida em sua versão original aqui.

Desafio dos 50 dias

Dia 11: Uma foto de algo que lembre seu Ensino Fundamental

Da esquerda pra direita: Giovanna, eu, Nathália, Nabil (ou Wallid), Mariana, Juliana, Ana Paula e Wallid (ou Nabil).

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Desafio dos 50 dias

Dia 10: Uma foto antiga da sua família

É só da família por parte de mãe, mas tá valendo.


Filha do Justus

Síndrome de Crouzon (Rafaella Justus)




Quem fez isso, certamente não viu as próximas imagens:

Síndrome de Patau


Síndrome de Edwards


Síndrome de Apert


Síndrome de Down


Síndrome de Cloverleaf


E aí, quando vocês acharem que ela é feia, lembrem que tem sempre alguém pior. Acho isso aqui ridículo, só pra constar.









quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Preocupações em Relação ao Futuro

Acho que, ao chegarmos em certo ponto da vida, temos a tal da Síndrome de Peter Pan. Não querer crescer.
Eu, particularmente, tive isso no começo desse ano, de olhar pra mim mesma e dizer "caramba, eu cresci rápido demais!"; as brincadeiras de Barbie com as amigas deram lugar a tardes em que nem eu mesma sei o que faço acompanhada delas. Aliás, sei, sim: comer brigadeiro, tirar fotos, fofocar, ir à piscina, comer mais brigadeiro, fofocar mais. Achei que quando crescesse, eu seria muito mais cheia de ocupações e tal, mas virei uma adolescente displicente e desocupada. E aí eu queria que as aulas voltassem logo pra ver meus amigos e não pra estudar. A animação que eu tinha de comprar material escolar acabou, não passo mais horas batendo boca com a minha mãe pra levar os cadernos do He-Man. Isso deu lugar a uma pessoa que entra em qualquer loja e compra coisas básicas e sóbrias para não enjoar dos desenhos da capa do caderno, do design da borracha ou da cor da lapiseira.
Acho que, ao chegarmos em certo ponto da vida, nos tornamos indecisão e receio. Em relação à escolha de profissão, a querer tomar as rédeas da própria vida, a ter vontade de se livrar dos pais e conquistar independência, mas não querer nunca ir pra longe deles. Me tornei susto ao ver que meu ensino médio praticamente acabou e que, daqui a dois anos (que passarão em um piscar de olhos), eu estarei ingressando na vida adulta. E o que tem guardado pra mim lá na frente?
Eu sempre quis ir fazer o terceiro ano em uma daquelas escolas super-conceituadas de São Paulo, mas, querendo ou não, criei raízes aqui. Roraima nunca vai me trazer tudo o que quero, mas já trouxe metade disso. Ou não. Acabei de encontrar um nó na minha linha de pensamento, e estou divagando, porque não vou conseguir restabelecer ela. Eu estava ficando maluca pensando nisso, até que percebi que não há basicamente nada que eu possa fazer, então lavo minhas mãos em relação ao meu futuro. O que for pra ser, será, e eu estou de olhos fechados e torcendo para que a minha vontade coincida com o que estão guardando para mim.

Desafio dos 50 dias

Dia 9: A foto de alguém que marcou a sua vida

Quem melhor que ele?


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Olhos Azuis

Há muito, muito tempo atrás, em uma província chinesa onde a agricultura de subsistência reinava, houve um casal que teve um bebê dono de exuberantes olhos azuis. Como isso era muito raro entre os asiáticos, eles levaram a criança a um médico, que ficou alarmado com a improbabilidade do acontecimento, mas disse que era normal entre os ocidentais e que, provavelmente, à medida que o menino crescesse, seus olhos escureceriam e seriam castanhos como os de todas as outras pessoas que os cercavam. Os anos se passaram, até que ele completou oito anos e, um dia, um de seus colegas de escola contou ao professor que o garoto podia enxergar no escuro, como um gato.
O professor convidou o aluno para um jogo ao ar livre à noite, e lá, apostaram que ele pegaria o professor sem uma lanterna, na total escuridão; não houve problemas para que a criança ganhasse a aposta. Quando foi a vez do professor e ele apontou a lanterna para os olhos do menino, eles se acenderam como dois faróis brilhantes. Como olhos de gato, como estrelas.
Houve investigações profundas em relação ao assunto, nunca chegando a lugar nenhum. O menino ficou famoso nacional e mundialmente, apesar da dificuldade de comunicação na época. O tempo passou, e ele tornou-se um homem. Depois, tornou-se um senhor. E houve um dia em que seus olhos se fecharam para sempre, mas, sabe? Diz-se que, naquela província, que hoje é uma enorme metrópole, apesar de toda a iluminação ofuscando o brilho das estrelas, duas delas nunca desaparecem, e têm um misterioso, belo e único brilho azulado.

Desafio dos 50 dias

Dia 8: A foto de algo que você gostaria de estar fazendo agora

Essa é auto-explicativa.


sábado, 21 de janeiro de 2012

Desafio dos 50 dias

Dia 4: Uma foto que represente seu maior defeito

Insegurança em relação a tudo. Inclusive em relação à escolha do meu maior defeito.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Um Vôo Para Chamar de Meu

Por algum tempo, houve o barulho do vento forte nas minhas orelhas e a adrenalina de estar em queda livre a onze mil pés de altitude. Não houve medo, eu já havia feito isso uma vez. Houve apenas a êxtase. É a melhor sensação que eu já conheci - aliás, passaria o resto da vida em queda livre, tranquilamente.
E houve a melhor parte do trajeto avião - solo: a parte em que a queda livre acaba e você, bruscamente, para de cair e se encontra seguro pelo pára-quedas. Só aí você percebe o quanto a adrenalina foi grande e gargalha incontrolavelmente. E rodopia no ar. A paz é enorme, incomparavelmente enorme. E todo o resto do mundo que você conhece está longe, porque você está no céu, e nada pode te atingir.
Eu não fazia idéia da distância do chão a que nós estávamos, mas não conseguia ver nem os carros passando nas ruas. Via o lago, que, do alto, era verde-esmeralda, e a enorme fazenda, que parecia um cenário de filme. Aos poucos, comecei a ver os pontinhos se movimentando: pessoas e carros. Vi a grama, o vento esquentou, recebi um sinal para levantar as pernas, outro para pisar no chão, e o vôo acabou. Tudo isso em 5 minutos.
Acho que todo ser humano já quis voar. Acho, também, que o maior erro de design dos humanos é não ter asas. E outra coisa que acho é que voar é muito bom. Aliás, afirmo: voar é maravilhoso.

Desafio dos 50 Dias

Dia 3: Uma foto da sua cantora/cantor preferido

Esse nem precisava de foto, né? Vocês sabem da minha admiração quase obsessiva pelo Dinho Ouro Preto.



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Desafio dos 50 dias

Dia 2: Uma foto do seu momento preferido da História (da sua ou em geral)
O marinheiro Glenn McDuffie e a enfermeira Edith Shain, na Times Square, ao saber que a Segunda Guerra Mundial tinha terminado.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Que Me Tocam

Às vezes, me pego perdida no pai dos desocupados,o Youtube, assistindo vídeos que me tragam lembranças boas ou que eu possa cantar junto. E a partir de agora, quando isso acontecer, vou postar os vídeos aqui. Cada um deles tem um significado muito especial pra mim, que não será explicado, logo, essa coluna nova servirá também como um teste pra ver quem é que me conhece de verdade. Ou não.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Música

Quando era criancinha, eu ganhei um MP3 daqueles ovais, vermelhos, assim. Coloquei nele a música que meu pai cantava pra me fazer dormir, a preferida da vovó e uma que fazia minha mãe chorar. Um dia, sentei na frente do computador e descobri que existiam muitas músicas no mundo. Intermináveis. A comparação que eu fazia era que o mundo da música era tão enorme quanto o mundo em que eu vivia, talvez até maior, porque ele estava em constante expansão. Eu incorporava uma música por dia ao meu repertório, sempre de um artista diferente. Cresci e ganhei MP4, MP5, iPod. E a música me ensinou métrica, idiomas novos, rimas e uma infinidade de outras coisas. O melhor que aprendi foi a jogar tudo o que se passava na minha cabeça em um papel e botar uma melodia bonita - o que acontecia era que as pessoas amavam escutar meus problemas e dúvidas. Fiz amigos, com a música. Amigos que tinham os mesmos problemas e dúvidas que eu. Arranjei namorada cantando. Quando casei, entreguei à minha noiva a lista de músicas pronta, todas especiais. Diferentes. Devo tudo a ela, à música. A palavra, em si, e o seu significado. Ah, a música. Ela é tão sonora.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Instintos

Acordei suando. Liguei para a minha namorada às 3h da manhã, e ela estava na casa de uma amiga. "Saiam daí agora", esbravejei. Ela não entendia. Ficou brava comigo por eu ter sido grosso, me chamou de superprotetor, controlador, doentio e muitas outras coisas. Pedi com carinho, implorei, ela não me ouviu. Saí de samba-canção do meu prédio e pedi emprestado o carro da vizinha (que também não ficou muito feliz por eu tê-la acordado). Dirigi como um louco, sem respeitar nenhuma lei de trânsito. A vizinha, que tinha insistido em ir comigo, para acompanhar o carro, estava em prantos porque eu dirigi de olhos fechados o caminho inteiro. "Onde estamos indo?", ela perguntava, aflita, e eu respondia, com honestidade, que não fazia idéia. Quando os instintos mandaram, parei o carro e puxei o extintor de incêndio debaixo do banco. Esmurrei a porta até a maçaneta ser quebrada, subi as escadas. Abri a porta do quarto de onde o barulho vinha. Minha namorada e suas duas amigas gritaram e ela brigou comigo. Quando me disseram que estavam sozinhas em casa, mandei que todas entrassem no carro, rápido, e entrei também. "Confiem em mim, só dessa vez", pedi. Dei a partida e me afastei o máximo que pude.
Gritaram quando ouviram a explosão. É, acho que, a partir daquele dia, elas não duvidariam mais dos meus instintos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Imutável

Morava sozinha na Alemanha. Longe dos pais, irmãos, primos, amigos. Longe da feijoada dos sábados e do churrasco dos domingos. Longe das peladas com os meninos da vizinhança durante as férias. Longe das gírias idiotas e dos cajueiros. Falava outra língua, tinha outros amigos, trabalhava para garantir a faculdade. Estudava para garantir que algum dia voltaria ao Brasil e depositaria na conta bancária dos pais todo o dinheiro que eles investiram na mudança de continente da filha. Sentia falta do céu azul e das pessoas de bermudas Mormaii e Havaianas. Mas a gente sempre arranja paliativos pra saudade.. Toda sexta-feira, ela fazia uma pequena xícara de café Pilão, que trazia, em grande quantidade, cada vez que ia para casa, e se acomodava na cama para assistir no YouTube um samba, um episódio do Jô ou umas vídeo-cacetadas. Aquele era o prazer garantido, fixo, confortável. Imutável. Café quente, lençol limpo, vida renovada.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sobre Cotas

Não sou negra, sou branca. Não sou deficiente, nem física e nem mental. Não sou indígena. Em hipótese alguma, as leis federais me concedem o direito de ingressar numa faculdade fazendo o uso de cotas. Também não sou pobre e nem estudo em escola pública. E se eu fosse negra, mesmo sendo rica e tendo um alto nível de potencial, poderia usar as cotas para entrar em uma faculdade, só para me valer dessa facilidade. Se me faltasse um dedo, se eu tivesse uma perna mais curta que a outra, eu poderia usar as cotas também. Mas se eu fosse uma pessoa branca, em perfeitas condições físicas, e pobre, sem condições para pagar uma escola ou faculdade particular, não teria direito a cotas.
Não sei qual é o sentido que isso faz. Tem gente por aí que estuda nas escolas públicas do interior, e, independente da cor e da quantidade de dedos ou comprimento das pernas, é muito mais bem instruída do que gente que tem todas as condições financeiras necessárias para ter um nível de instrução astronomicamente maior. Porque quem quer estudar estuda em qualquer lugar.
As cotas devem existir, sim. Mas não do jeito que existem agora, para todos os negros e todos os indígenas e todos os deficientes. Desse jeito, elas não estão ajudando, e sim, atrapalhando. Estão abrindo brechas para quem quer se aproveitar da facilidade de não precisar passar em um vestibular para estar na faculdade. As cotas devem ser separadas de acordo com a renda mensal de cada um, independente da cor, porque não existem escolas próprias para negros ou brancos. E nem todo tipo de deficiência deveria ser admitido, pelo simples fato de que certas deficiências são sinônimos de incapacidade, e outras não. Se eu tivesse uma perna mais comprida que a outra, seria deficiente e teria minha vaga em muitas universidades garantida, sem ter nenhuma incapacidade. E isso seria extremamente injusto com quem realmente tem algum tipo de deficiência e que precisa das cotas.
A última frase do parágrafo anterior me fez pensar que ninguém realmente precisa de cotas. Afinal, deficientes mentais, que seriam incapazes de passar em um vestibular, seriam capazes de passar em todas as matérias da faculdade? E, mesmo se passassem, seriam eles capazes de exercer serviços de qualidade no mercado profissional? E os negros, que nunca tiveram condições de pagar por cursos de inglês e escolas particulares, não seriam capazes de pegar emprestados os livros de uma biblioteca municipal e estudar com base neles? Nos Estados Unidos, tem gente que nunca foi à escola, que foi educada em casa, e cresceu na vida tanto quanto ou até mais que quem foi. No Brasil, isso só não acontece porque é proibido.
Só posso afirmar, com certeza, uma coisa: quando as cotas não existiam, todo mundo ingressava na faculdade pelos mesmos meios, e só conseguiam os que eram capazes. E o nível de escolaridade e as condições financeiras não determinam o nível de informação.

O outro gume da faca está aqui.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Uma Mente Brilhante


Por favor, cliquem no player acima para escutar a canção All You Need Is Love e aguardem alguns segundos para ler o texto enquanto a escutam. Obrigada!

Fugitivo de alta periculosidade, Kurt tinha só vinte e três anos, mas era, sem dúvida, uma das mentes mais brilhantes que os policiais já tinham visto. É que, quando mentes brilhantes são voltadas a propósitos ruins, elas se tornam muito mais perigosas do que mentes normais. Kurt era procurado em todos os cinquenta estados americanos, mas ninguém nunca sabia onde ele estava. Não seguia um padrão, talvez fosse esse o grande problema. Ia de um lado para o outro, como se fizesse sorteios para saber onde seriam os próximos crimes e como e contra quem eles seriam cometidos.
Um dia, por coincidência do destino, ele apareceu no lugar errado, e na hora errada. Tentou assassinar a esposa de um policial, que, por acaso, faltara ao trabalho naquela noite. Em minutos, Kurt estava preso.
Como não se sabia ao certo por quantos assassinatos culpá-lo, ele foi submetido a trabalho voluntário e dez anos. Se o comportamento fosse bom, o tempo diminuiria. O começo, claro, foi um pouco difícil. Houve alguns olhos roxos, alguns dentes quebrados, algumas violações de privacidade. Mas Kurt era uma mente brilhante, e não um exímio lutador, então, com o tempo, aprendeu a evitar esse tipo de problema e isolar-se um pouco mais. Os anos se passaram; cinco, seis, sete.
Os presos estavam fazendo fila para descer ao pátio e capinar o mato, e ele correu escadas acima, até o terraço do prédio, com um alto-falante.
O caos instalou-se. Os agentes carcerários chamaram reforços, e, logo, o presídio estava cercado por carros da polícia, tiras armados e helicópteros. Só não houve tiros porque uma autoridade que estava presente deu ordens para que todos esperassem para ver o que Kurt faria. E ele cantou, batendo os pés no chão com ritmo:
"All you need is love! All you need is love! All you need is love, love, love is all you need.."
Cantou a música inteira, de olhos fechados, batendo os pés e sem se importar se seria condenado a prisão perpétua por aquilo. Aos poucos, todos começaram a cantar também. Foi um evento único. As pessoas que passavam por ali paravam e ficavam fascinadas. Todos cantaram junto, e tudo em volta do presídio tornou-se música.
O presidiário soltou o alto-falante no chão, desceu as escadas e voltou ao trabalho, como se nada tivesse acontecido. Os reforços e visitantes curiosos foram embora, os agentes carcerários ficaram relaxados e os outros presos passaram o dia inteiro com a música na cabeça. Ele aproveitou a descontração para cantar junto, bater com um tijolo em um dos agentes, trocar de roupa com ele, sair pelo portão principal e desaparecer de novo.
Fugitivo de alta periculosidade, Kurt tinha só vinte e três anos, mas era, sem dúvida, uma das mentes mais brilhantes que os policiais já tinham visto.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quintal

Tratava-se de um universo onde pequenos homenzinhos com sapatos octogonais andavam de skate em folhas de cajueiro. Eles enfiavam canudinhos nos cajus que os passarinhos traziam de cima das árvores para poder almoçar. Viviam só de frutas, no caso, aquelas que o dono da cidade que habitavam cultivava: caju, goiaba, ata e jambo. Tratava-se de um universo onde tanto fazia o tom de pele, a crença e a religião, essas eram coisas que não se discutia. Todos eram iguais, feitos de carne e osso e trabalhando em prol da mesma coisa: o bem de Quintal.
Eles fugiam quando vinham aqueles gigantes dar banho nas plantas com um tubo que soltava água. Escondiam-se quando aquele monstro marrom ficava solto, à noite, cavando buracos e desenterrando as leguminosas que os homenzinhos plantavam. Entravam em seus prédios, situados dentro da casca de cada árvore, e esperavam a chuva passar. Alguns colhiam a água em folhas para armazená-la: aquelas gotas eram tão grandes que cada uma delas servia a população inteira por uns 3 ou 4 dias.
Para o Natal, eles enchiam as árvores de vaga-lumes, e, para o ano novo, se vestiam com pétalas de jasmim.
Um dia, um homenzinho curioso andou até além dos limites de Quintal. Ele descobriu um chão duro, branco, que os gigantes chamavam de Varanda. Uma cidade vizinha. Que tipo de leguminosas se plantava naquilo? Ele continuou indo adiante, e viu uma grande estrutura de um material desconhecido que parecia abrir e fechar, quando necessário. O monstro marrom estava lá, e alguém gritou "tirem o Tigre do portão!", o que o ajudou a constatar que aquela estrutura chamava-se Portão.
O homenzinho passou por baixo de Portão. E não houve palavras para descrever a surpresa dele quando passou uma coisa enorme e vermelha, com rodas. E havia mais uma cidade, com o chão quente, que, como ele ouviu, se chamava Rua.
Ele passou um tempo nessa cidade longínqua, chamada Rua, desvendando seus mistérios e aprendendo suas manhas. Quando voltou a Quintal, ele inventou o Dispositivo de Rolagem, em Rua conhecido como "roda". Nome muito simples para objeto muito complexo. Inventou, também, o Aparador de Chuva Multifuncional, em Rua conhecido como "guarda-chuva". Em Quintal, usava-se esse objeto para 1) proteger-se da chuva 2) armazenar gotas de água e 3) defender-se de Tigre.
Aquele homenzinho tornou-se o novo governante de Quintal, e governou durante toda a sua vida. Quando estava prestes a morrer, levou um pupilo a Varanda e a Rua para que ele aprendesse como se faz no mundo afora. Ensinou que não importa o quanto a gente imagine, ainda tem muito mais pra imaginar. Considerando o tamanho do universo, seria uma boa idéia expandirmos um pouco a nossa visão.