terça-feira, 29 de novembro de 2011

Felipe

Eu nunca tinha conhecido ninguém tão pegador quanto aquele cara, o Felipe. Toda vez que a gente se falava, ele tava com uma namorada diferente. Uma pra cada fim-de-semana, uma pra cada festa que ele ia, uma pra cada signo do zodíaco, uma pra cada ano da sua vida, e, logo, logo, uma pra cada letra do alfabeto. Da Ana Luísa à Zaíne. E ele só tinha 21 anos. Eu nunca o havia visto verdadeiramente apaixonado. Eram casos, e mais casos, e mais casos, e eu me perguntava como era possível que uma pessoa pudesse não se cansar dessa vida tão errante. Mas, enfim, por obra do destino, ou sei lá, um dia ele encontrou uma garota que não se permitiu ser jogada na parede instantaneamente. Numa festa (risos irônicos). Deve ter sido a primeira vez que ele sentiu o chão tremer e as estrelas brilharem, finalmente. Sabe o que é ainda mais irônico? O nome dela começa com a primeira letra do alfabeto.



Dedicado ao meu heartbrother, Felipe Cruz, e à namorada dele, Amanda Dantas.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sobre Relacionamentos

O único momento em que devemos esperar um homem é o primeiro. Logo após a troca de olhares. Você tá a fim? Legal, se ele tiver, ele que venha. Senão, não era pra ser e pronto. E se ele veio, ótimo. Só se deve esperar que ele faça isso e observar o comportamento se ele vier, porque é o único jeito de levar pra frente. Não precisa esperar pra mandar a primeira mensagem, nem pra adicionar em todas as redes sociais, nem pra ligar, nem nada. Se a gente se colocar no lugar deles, sempre vamos saber o que eles querem. Homem é assim, que nem massinha de modelar, no começo, mas depois endurece. Por isso que é ele que tem que vir, porque nós somos damas e não vamos ficar atrás de alguém cujo único interesse pode ser pegar na nossa bunda. Se você ligar quinhentas vezes por dia no começo, ele pode até gostar, mas, quando você cansar, ele não vai entender. Temos que modelar nossos próprios homens. E se eles forem malcriados, temos que cortar o mal pela raiz. Qualquer sinal de violência verbal ou física requer abandono imediato, que fique claro. E sem volta. Se ele fez uma vez, pode pedir desculpas, prometer que não faz de novo e tal, mas faz, sim. E com a gente, a mesma coisa. Mulher não pode ser violenta. Pode ser, no máximo, persuasiva. Antes de fazer qualquer coisa pra eles, a gente tem que se perguntar: "eu gostaria se ele fizesse isso comigo?" e pronto.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ideais de Felicidade

Amanhecer chuvoso. Sol repentino e alaranjado. Levantar na hora. Banho morno. Café com leite e pão francês. Conversar com os amigos. Aprender alguma coisa nova. Perder-se em devaneios. Rir até a barriga doer. Dividir balinhas de menta com a turma. Reclamar por ter que escrever muito. Almoçar. Sobremesa. Rever os amigos. Voltar a estudar. Sensação de dever cumprido ao ouvir o professor dizer "parabéns". Ficar de bobeira. Sorvete. Fofoca! Banho frio. Jantar. Sobremesa. Cama quentinha e abraço reconfortante. Enxurrada de beijos. Sorriso estonteante. Fechar de olhos.

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre Você

Eu demorei muito pra conseguir apagar suas fotos das minhas redes sociais e do celular. As mensagens, ainda não apaguei. Um dia desses, um amigo meu me perguntou se eu ainda gostava de você, por causa disso. Claro que gosto, sempre gostarei. Fomos, durante quase três anos, tão unidos, que seria extremamente insensível da minha parte agir como se nada nunca houvesse existido. E, além do mais, é super normal ter saudade dos bons momentos que passei com você às vezes. As suas mensagens que eu guardei têm papel fundamental nesses momentos: quando as leio, sinto um nojo profundo de você e me lembro exatamente do motivo de eu nunca, jamais, querer você de volta.
Sabe o que mais eu não joguei fora? Aquela caixa em que eu guardava seu perfume, suas camisetas e as etiquetas e laços de todos os presentes e flores que você me deu. Até aquele meio-coração de ouro está lá. Aí eu cheiro seu perfume e não posso negar que é muito bom. Só não me apetece mais. Hoje em dia, tem outro cheiro muito mais interessante que o seu.
Eu te desejo todo o melhor e nunca tive a oportunidade de dizer como me senti frustrada quando você me dispensou por telefone. Você fez coisas que nunca devem ser pronunciadas e, por isso, eu não te quero nunca mais. Nunca, nunca mais. Só que você me ensinou muita coisa também, e eu preciso agradecer. Obrigada por fazer meu próximo relacionamento dar certo (risada maligna). Ah, e boa sorte no seu próximo relacionamento, também... Se alguém aguentar seus atos impronunciáveis.

sábado, 12 de novembro de 2011

Fim de Semana

Os olhos estavam meio grudados do rímel que não tinha sido tirado, e o cabelo estava enrolado no corpo. O vestido estava torto e os sapatos tinham ficado em algum lugar entre o bar e seu paradeiro atual - o banheiro. Ela cheirava a perfume masculino. Seu estômago reclamava dos exageros da noite passada. Olhou no relógio. Eram 21h. Ela tinha dormido durante doze horas seguidas? Possivelmente. Levantou, tomou banho, fez chapinha, refez a maquiagem, escolheu um outro vestido, outros sapatos e um novo bar. O fim de semana tinha começado.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

À minha Bisavó Paterna

Maria Erny Simões Rosa nasceu em 1 de junho de 1927, no Rio Grande do Sul. Perdeu o pai ainda bebê. Cresceu, casou e teve uma filha, Vera Maria. Quando as duas estavam adultas, resolveram deixar os maridos e migrar para Roraima com os dois filhos de Vera: George e Analu. Chegaram em 1977. Vera escolhera Roraima por causa de sua profissão - assistente social - que ainda não tinha representantes no estado. Aliás, naquela época, só os cajueiros tinham representantes por aqui.
Em 1979, Vera faleceu, devido a um grave acidente entre uma moto, na qual ela estava de carona, e um caminhão. Isso deixou Maria sozinha com os dois netos para criar. Ela abriu uma escola, Nosso Lar - em homenagem à obra de Chico Xavier -, que veio a ser a primeira escola particular do estado de Roraima. George fez parte do Complexo A, o primeiro grupo de dança do estado, e foi o primeiro a realizar uma conexão de internet em Roraima. No começo dos anos 2000, Maria lutou contra o câncer, e se recuperou. Era uma mulher muito forte. Ela fechou sua escola em maio de 2008 e veio a falecer dia 10 de novembro do mesmo ano. Deixou dois netos e três bisnetas.
Uma delas sou eu.
Esse post é dedicado à minha bisavó paterna, Maria Erny Simões Rosa, de quem não herdei o nome, apenas o sangue. Tenho orgulho de ter sido alfabetizada por ela e da história que ela deixou para trás. Hoje faz 2 anos que ela me deixou e a dor é a mesma do dia em que acordei e soube que não a tinha mais disponível para abraços. Nunca pude me despedir, talvez tenha sido isso. Ela tinha um nariz arrebitado, bem gaúcho, como papai, e cabelos grisalhos e enrolados. Suas unhas eram compridas e estavam sempre pintadas. Ela adorava palavras-cruzadas. Tinha uma bíblia que eu não conseguia carregar e uma geladeira sempre cheia de doces para mim. Não dizia 'tchau' antes de desligar o telefone. Não gostava de gatos. Dizia que o assovio do meu pai era igual ao do falecido irmão. Lembro que ela tinha, no corredor, várias homenagens de pessoas importantes que alfabetizou. Lembro da enorme árvore na parede da escola cujas folhas traziam escritos os nomes de cada aluno. Não me lembro de quanto tempo faltava para sua morte quando a abracei pela última vez, mas eu me lembro que, quando nossos corpos se tocaram, ela sussurrou que nos abraçássemos sempre por longos períodos de tempo, caso não houvesse um próximo abraço. Sábia vovó. Nunca tive a oportunidade de te dizer a falta que você faria.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Reflexões Religiosas

Estava me lembrando de uma conversa que tive com alguém muito sábio, um dia desses, sobre religião e crenças; essa pessoa não sabia em que acreditar, e foi uma das poucas vezes em que eu entendi perfeitamente o que alguém quer dizer. A discussão acabou, mas eu continuei refletindo, e acabei descobrindo que também não faço idéia de qual seja minha crença.
Só depois me ocorreu que a gente não precisa acreditar em nada imaterial. Quer dizer, eu defendo até a morte a teoria de que haja algo maior que a humanidade, algo superior, mas não sei se é Jesus Cristo, Buda, Alá ou aqueles milhões de deuses gregos e romanos. É que talvez todos eles sejam de verdade, mas talvez todos sejam de mentira, sabe? Isso dá um nó sem tamanho na minha cabeça.
Não importa a religião que se segue, nem o(s) deus(es) em que se acredita. O que importa é que tudo tem a mesma essência: não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a você. Pronto, tá aí o segredo da evolução. É essa a filosofia da minha vida, e eu acho que ela é muito boa. Se colocar no lugar dos outros. Se todo mundo fizesse isso, as pessoas iam se entender muito melhor.
Um dia desses, eu estava dizendo, no Twitter, que não adianta crer fervorosamente em um deus e orar todos os dias se você não colocar essas coisas do coração em prática. Não sei vocês, mas, eu, quando vejo gente necessitada, sinto uma vontade enorme de ajudar. Quer dizer, não adianta obedecer todas as regras de uma religião (tipo aquela religião que não deixa você adorar imagens de santos, não vou citar nomes porque sou leiga nesse assunto, mesmo) e pedir ao seu deus que os necessitados tenham as necessidades supridas se você joga suas sobras fora; é melhor não pedir nada às divindades e ir ali no abrigo, passar um tempo com quem precisa e levar umas roupas usadas, um pouco de comida, um pouco de carinho; e sendo assim, o que move o mundo não é a fé, e sim o altruísmo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A Coisa Mais Horrível Que eu Já Vi

"...A coisa mais horrível que eu já vi aconteceu dentro da minha própria casa. A gente gosta de brincar de passar o dedo de leve no fogo e tal, mas mal percebe como ele pode ser perigoso. Enfim, foi no tempo em que os botijões de gás ficavam do lado do fogão, com aquelas mangueirinhas. Só a transparente era certificada pelo Inmetro, e a lá de casa era azul. A mamãe tava fazendo feijoada. Minha vó tava do lado. Ah, minha vó tinha uma mão de fada pra cozinha, tudo que ela botava a mão ficava bom. Aquela feijoada ia ficar ótima. Quando a gente morava no Rio tinha aquelas feijoadas com o porco defumado.. Sim, aí ela não tinha percebido que a nossa mangueirinha azul tava com um furo - na verdade, um buraco. O fogo não acendia. Ela teve a "brilhante" idéia de acender um fósforo. Sem brincadeira, eu vi uma bola azul enorme se formar e jogar minha mãe a minha vó pra fora da cozinha. Nunca gritei tanto. E olha que a casa era grande. Mamãe só não ficou cega porque ela botou o braço na frente do rosto. Foi horrível! Lá se foram, as duas, pro HGR. Era só o que tinha aqui, naquela época. A minha mãe contou isso pra vocês na sala de aula, Bianca? Lavavam ela e a vovó com escovinha todos os dias. Era horrível. Mas ela não tem uma cicatriz, sequer. A vovó também não tinha. Não passa o dedo no fogo, não, filha."

História real.

Um anula o outro

Era uma vez dois presidiários, colegas de quarto; um, Selva, era forte, troncudo, carrancudo e mal-encarado. O outro, Piu, era fraco, mirradinho, magrinho e se submetia a todos os caprichos dos outros - todo mundo sabe que homem fraco não tem vez. Apesar de tudo, o segundo era muito inteligente.
Um dia, os dois estavam conversando e este mencionou que ganharia liberdade condicional. Logo, a notícia se espalhou. Piu foi trabalhar. Quando voltou, encontrou Lino - o cleptomaníaco - roubando todas as suas latas de comida.
- Devolva-me minha comida.
- Não.
- Vou chamar o carcereiro.
- Aposto que você não gostaria de levar quarenta facadas durante seu próximo banho.
Piu conformou-se e deixou que Lino fosse embora e levasse toda a sua comida. Logo depois, ele recebeu uma visita de Zolô, o mais forte da cadeia.
- Você vai embora?
- Vou.
- Quero seu rádio e seus cds. Deixe tudo em cima da minha cama daqui a dez minutos - ele disse, empurrando o homem fraco no chão.
Piu deixou as encomendas na cama... de Lino. No fim do dia, Zolô voltou.
- Cadê as porras que eu mandei você me entregar, maluco?
- Eu entreguei.. Mas Lino me seguiu e pegou tudo. Ele disse que podia lidar com você.
- Como foi que ele disse?
- "Ah, o Zolô? É muito fácil lidar com gente sem cérebro."
Selva perguntou a Piu por que ele tinha feito aquilo.
- Se eu tinha dois problemas com os quais não consegui lidar, não é muito mais fácil que um anule o outro?