Era uma vez dois presidiários, colegas de quarto; um, Selva, era forte, troncudo, carrancudo e mal-encarado. O outro, Piu, era fraco, mirradinho, magrinho e se submetia a todos os caprichos dos outros - todo mundo sabe que homem fraco não tem vez. Apesar de tudo, o segundo era muito inteligente.
Um dia, os dois estavam conversando e este mencionou que ganharia liberdade condicional. Logo, a notícia se espalhou. Piu foi trabalhar. Quando voltou, encontrou Lino - o cleptomaníaco - roubando todas as suas latas de comida.
- Devolva-me minha comida.
- Não.
- Vou chamar o carcereiro.
- Aposto que você não gostaria de levar quarenta facadas durante seu próximo banho.
Piu conformou-se e deixou que Lino fosse embora e levasse toda a sua comida. Logo depois, ele recebeu uma visita de Zolô, o mais forte da cadeia.
- Você vai embora?
- Vou.
- Quero seu rádio e seus cds. Deixe tudo em cima da minha cama daqui a dez minutos - ele disse, empurrando o homem fraco no chão.
Piu deixou as encomendas na cama... de Lino. No fim do dia, Zolô voltou.
- Cadê as porras que eu mandei você me entregar, maluco?
- Eu entreguei.. Mas Lino me seguiu e pegou tudo. Ele disse que podia lidar com você.
- Como foi que ele disse?
- "Ah, o Zolô? É muito fácil lidar com gente sem cérebro."
Selva perguntou a Piu por que ele tinha feito aquilo.
- Se eu tinha dois problemas com os quais não consegui lidar, não é muito mais fácil que um anule o outro?
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