domingo, 29 de abril de 2012

Aviação

A aviação sempre foi um dos ramos mais glamourosos de todos, ou deveria ser. Principalmente no Brasil, onde há uma deficiência de pilotos. Isso acontece porque o curso de ciências aeronáuticas é caro, e as horas de voo, mais caras ainda. O fato de o Brasil ser um país em desenvolvimento, com alta circulação de turistas nos grandes centros, torna ridículo o fato de que a aviação e os aeroportos brasileiros são grandes bostas.
Quem conhece o aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, sabe a raiva que se passa lá, quando, 100% das vezes, o portão de embarque é trocado na última hora, sabe que os horários dos voos são tão mal administrados, que, muitas vezes, as pessoas não têm onde sentar. O aeroporto de Santa Genoveva, em Goiânia, é outro grande lixo. Isso sem falar no aeroporto Atlas Brasil Cantanhede, de Boa Vista, em que a quase inexistente praça de alimentação fecha às 2h da madrugada e um dos dois (sim, DOIS!) voos diários chega às 4h e os passageiros ficam sem ter o que comer.
Quando se compara a aviação brasileira dos anos 80 e 90 e a atual, é vergonhoso. Eu me lembro de comer em louça de verdade, com talheres Tramontina de aço inoxidável cunhados com o símbolo da Varig em dourado e de ganhar, das aeromoças, livrinhos de colorir e lápis-de-cor do Variguinho. Aeromoças essas, que, por sinal, eram lindas, educadas e tinham o inglês perfeito. O único detalhe é que Boa Vista - São Paulo, nessa época, custava cinco mil reais. Hoje em dia se consegue por até duzentos, mas, por outro lado, os talheres e livrinhos de colorir foram substituídos por guardanapos finos, barrinhas de cereal e bebidas de má qualidade. Comparando o público, também, percebe-se que, antigamente, as viagens de avião eram só para a crème de la crème brasileira, a alta sociedade. Hoje, qualquer um pode viajar. Houve uma popularização dos preços e da aviação de tal modo que a falta de educação que se vê nos aviões é revoltante e não é, de modo algum, justificável, mesmo que o Brasil seja um país de terceiro mundo. Ser de origem humilde é bem diferente de ser porco e mal-educado.
Isso nos traz a um outro assunto importante: a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos que o Brasil sediará. Na minha opinião, antes de reformar os estádios de futebol e pensar se deveríamos ou não autorizar a venda de cachaça neles, deveríamos nos preocupar em reformar a aviação. Os turistas não vão chegar no Brasil pelo Maracanã, eles vêm de avião. Eles precisam entender o inglês que as aeromoças falam - se é que aquilo pode ser chamado de inglês - e precisam conseguir se mover nos aeroportos, sem mudanças súbitas de portões (e os idosos e deficientes? Já vi muitos que perderam voos porque não se locomovem rápido o suficiente), sem maus tratos dos tripulantes e, principalmente, sem atrasos, cancelamentos e overbooking. Quanto às ruas das grandes cidades e blá blá blá, pouco me importa; o que sei é que aconselho todos os brasileiros a comprarem vassouras para viajar em 2014 e 2016.

sábado, 21 de abril de 2012

Sábados

Quando a chuva bate forte na janela, quando meus pés ficam gelados, quando o travesseiro não me abraça de volta. Quando acordo de manhã, quando chego na escola, quando volto para casa. Quando estou no trânsito. Quando sinto cheiro de tinta fresca. Quando alguém me fala de futuro. Quando passo o dia inteiro me arrumando e experimento um milhão e meio de roupas (previamente escolhidas) antes de sairmos e digo que, ah, tomei um banho rápido e vesti qualquer coisa. Quando ensaio conversas. Qualquer minuto que eu passe sozinha. Quando as flores desabrocham, quando as manhãs são de sol, quando o vento faz os cabelos voarem. Quando quase reclamo da vida. Quando estou na internet e ninguém está cantando para mim. Nos sábados à noite, nos sábados de manhã, nos sábados à tarde, bem como em todos os outros dias, e em todas as outras horas, eu me lembro de você.