sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Uma Mente Brilhante


Por favor, cliquem no player acima para escutar a canção All You Need Is Love e aguardem alguns segundos para ler o texto enquanto a escutam. Obrigada!

Fugitivo de alta periculosidade, Kurt tinha só vinte e três anos, mas era, sem dúvida, uma das mentes mais brilhantes que os policiais já tinham visto. É que, quando mentes brilhantes são voltadas a propósitos ruins, elas se tornam muito mais perigosas do que mentes normais. Kurt era procurado em todos os cinquenta estados americanos, mas ninguém nunca sabia onde ele estava. Não seguia um padrão, talvez fosse esse o grande problema. Ia de um lado para o outro, como se fizesse sorteios para saber onde seriam os próximos crimes e como e contra quem eles seriam cometidos.
Um dia, por coincidência do destino, ele apareceu no lugar errado, e na hora errada. Tentou assassinar a esposa de um policial, que, por acaso, faltara ao trabalho naquela noite. Em minutos, Kurt estava preso.
Como não se sabia ao certo por quantos assassinatos culpá-lo, ele foi submetido a trabalho voluntário e dez anos. Se o comportamento fosse bom, o tempo diminuiria. O começo, claro, foi um pouco difícil. Houve alguns olhos roxos, alguns dentes quebrados, algumas violações de privacidade. Mas Kurt era uma mente brilhante, e não um exímio lutador, então, com o tempo, aprendeu a evitar esse tipo de problema e isolar-se um pouco mais. Os anos se passaram; cinco, seis, sete.
Os presos estavam fazendo fila para descer ao pátio e capinar o mato, e ele correu escadas acima, até o terraço do prédio, com um alto-falante.
O caos instalou-se. Os agentes carcerários chamaram reforços, e, logo, o presídio estava cercado por carros da polícia, tiras armados e helicópteros. Só não houve tiros porque uma autoridade que estava presente deu ordens para que todos esperassem para ver o que Kurt faria. E ele cantou, batendo os pés no chão com ritmo:
"All you need is love! All you need is love! All you need is love, love, love is all you need.."
Cantou a música inteira, de olhos fechados, batendo os pés e sem se importar se seria condenado a prisão perpétua por aquilo. Aos poucos, todos começaram a cantar também. Foi um evento único. As pessoas que passavam por ali paravam e ficavam fascinadas. Todos cantaram junto, e tudo em volta do presídio tornou-se música.
O presidiário soltou o alto-falante no chão, desceu as escadas e voltou ao trabalho, como se nada tivesse acontecido. Os reforços e visitantes curiosos foram embora, os agentes carcerários ficaram relaxados e os outros presos passaram o dia inteiro com a música na cabeça. Ele aproveitou a descontração para cantar junto, bater com um tijolo em um dos agentes, trocar de roupa com ele, sair pelo portão principal e desaparecer de novo.
Fugitivo de alta periculosidade, Kurt tinha só vinte e três anos, mas era, sem dúvida, uma das mentes mais brilhantes que os policiais já tinham visto.

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