Acordei suando. Liguei para a minha namorada às 3h da manhã, e ela estava na casa de uma amiga. "Saiam daí agora", esbravejei. Ela não entendia. Ficou brava comigo por eu ter sido grosso, me chamou de superprotetor, controlador, doentio e muitas outras coisas. Pedi com carinho, implorei, ela não me ouviu. Saí de samba-canção do meu prédio e pedi emprestado o carro da vizinha (que também não ficou muito feliz por eu tê-la acordado). Dirigi como um louco, sem respeitar nenhuma lei de trânsito. A vizinha, que tinha insistido em ir comigo, para acompanhar o carro, estava em prantos porque eu dirigi de olhos fechados o caminho inteiro. "Onde estamos indo?", ela perguntava, aflita, e eu respondia, com honestidade, que não fazia idéia. Quando os instintos mandaram, parei o carro e puxei o extintor de incêndio debaixo do banco. Esmurrei a porta até a maçaneta ser quebrada, subi as escadas. Abri a porta do quarto de onde o barulho vinha. Minha namorada e suas duas amigas gritaram e ela brigou comigo. Quando me disseram que estavam sozinhas em casa, mandei que todas entrassem no carro, rápido, e entrei também. "Confiem em mim, só dessa vez", pedi. Dei a partida e me afastei o máximo que pude.
Gritaram quando ouviram a explosão. É, acho que, a partir daquele dia, elas não duvidariam mais dos meus instintos.
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