A história continua alguns anos depois, quando a criança sedentária acabara de se transformar em um adolescente preocupado em mudar o mundo, engajado em projetos sociais. Ele estava sentado em uma calçada, lendo Kafka, quando viu cinco marginais picharem em uma parede branca recém-pintada:
"Livros não"
Como todo bom adolescente preocupado em mudar o mundo e engajado em projetos sociais, este veio explicar aos marginais que não se deve pichar paredes. Depois de um leve soco no nariz que o derrubou no chão, ele ficou sozinho com a parede pichada.
"Livros não mudam o mundo!"
A lembrança veio forte como se tivesse acontecido no dia anterior, de uma parede na frente do banco, de cinco marginais, da mãe reclamando do Brasil. A charada da infância inteira! Era aquilo? Que livros não mudam o mundo?
Kafka acabou ficando jogado aos pés da parede.
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