sexta-feira, 3 de julho de 2015

Em época de guerra

Em um avião de guerra, estava um único soldado negro, contente pela oportunidade de defender seu país, mas desmotivado pelo preconceito da parte de todos os outros soldados, que tinham pele clara.
O avião ia em direção a um minúsculo e falido país em algum lugar obscuro do globo, e aos soldados coube a incumbência de eliminar todos que se interpusessem no caminho que eles deveriam fazer até a autoridade máxima do tal país, a quem solicitariam os direitos sobre as riquezas minerais daquela nação.
Não foi difícil para um avião de última geração, de um país desenvolvido e tripulação treinada, pousar naquela pobre terra. O barulho causou alvoroço, mas a população não reagiu com violência.
O primeiro a descer do avião foi o soldado negro, que se sentiu aliviado por finalmente poder se distanciar um pouco dos colegas.
Os soldados do país chegaram pouco a pouco. Seus uniformes eram vestimentas de tecido fino, eles carregavam armas rudimentares e não pareciam nem um pouco hostis. Para o soldado negro, o que impossibilitou conflito foi que todos eles eram também negros. Não pareciam esperar que um estrangeiro tivesse a mesma cor de suas peles.
Sendo iguais, como poderiam entrar em combate?
Quando os outros soldados desceram do avião, eles também se surpreenderam. Em vez de inimigos, eles viram pessoas curiosas querendo saber o que se passava. Pessoas descalças e sujas, mas ainda assim pessoas. Pessoas de cor diferente e que falavam línguas diferentes, mas ainda assim pessoas.  E para todos os soldados, o que impossibilitou o conflito foi que todos eles eram também pessoas. Não pareciam esperar que um inimigo tivesse o mesmo sangue correndo nas suas veias.
Sendo iguais, como poderiam entrar em combate?

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