Tratava-se de uma renomada bailarina clássica, que rodava o mundo em piruetas-promenade; de um virtuoso pianista, que mudava de tom para tom na hora em que quisesse, e de uma fatídica noite em que suas artes se encontraram.
Ela entrou no palco, solitária, de nariz empinado, coque feito e encantos distribuídos.
Ele estava sentado num canto, escondido do público, acariciando com a ponta dos dedos o piano de cauda e contentando-se em moldar a dança dela.
Da ponta das sapatilhas, a bailarina encontrou, atrás do piano, o olhar do músico.
Aquele foi um dia em que o espetáculo não tratava de balé clássico, e muito menos de notas musicais. Sustentando os olhares um do outro, a bailarina girava freneticamente e o pianista tremia os dedos com velocidade pelas infinitas combinações de tecla do piano.
Ao final do espetáculo, a bailarina recebeu uma visita do pianista. Foi tocada por dedos de pianista. Foi complementada por música de pianista. E ela passava as pontas dos pés pelas teclas. Pés de bailarina, mãos de pianista. Porque dois corpos, juntos, têm muito mais destreza do que um só.
Lindas palavras. Especialmente o final. Pude visualizar a cena, na minha mente, do pianista e da bailarina. Quando quiser, dê uma passada pelo meu blog: bella-fowl.blogspot.com
ResponderExcluirGosto muito dos seus textos, embora tenha percebido que você tem escrito bem menos... Saudades de quando acompanhava os heartbrothers escrevendo juntos!
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