Lá pelos meados da década de 2040, as pessoas perceberam que as marés traziam lixo demais às praias e causavam acidentes demais aos banhistas. O turismo do Rio de Janeiro tornou-se quase inexistente, já que não se podia mais ir à praia, fazendo com que o Brasil e o mundo entrassem em crise econômica e biológica, porque os animais também estavam morrendo com tanta poluição.
Uma mente brilhante inventou os salva-praias, que se tornaram mais importantes do que os salva-vidas. Eram milhares de pessoas que recolhiam, todos os dias, incansavelmente, todo e qualquer lixo humano que fosse trazido pela maré. Era um cargo remunerado pelo governo e que qualquer um que soubesse nadar e enxergasse bem podia exercer.
Logo, as pessoas voltaram às praias e os animais marinhos voltaram a se reproduzir. A economia mundial foi se estabilizando. Os salva-praias continuaram lá, mesmo depois que a maré parou de trazer lixo, para fiscalizar o que os turistas faziam. Elaborou-se uma nova Constituição que incorporou um artigo sobre isso: por lei, cada lixo que qualquer um deixasse na areia da praia equivalia a uma multa de 500 reais (as pessoas só sentem dor no bolso).
Durante essa crise mundial, algumas pessoas achavam que a humanidade nunca se recuperaria, mas estavam erradas. Nos recuperamos por pouco. A partir da década de 2040, os índices de pessoas que praticavam hábitos sustentáveis aumentaram drasticamente para 98%, sem nunca diminuir (em 2099, 100% da população aderiu). A moral da história? A gente só dá valor às coisas quando sabe o quanto nos custaria perdê-las.
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