quinta-feira, 28 de junho de 2012

A menina e o Leão

Uma criancinha de uns seis, sete anos, em uma visita ao zoológico, encarava o leão adormecido, com o rosto encostado no vidro. O Rei da Selva (leia-se da jaula) acordou, deu uma ajeitada na juba ruiva e veio sentar-se para encarar a menina.
Ela era tão pequena, tão dependente e tão indefesa, e ele, tão grande, imponente, independente e forte. E ela estava tão livre, e ele, tão preso. A jaula do Rei da Selva, aquele quadrado de vidro com uma vaga lembrança que ele tinha das selvas verdadeiras, e a jaula daquele filhote de humano que, mesmo adulto, nunca chegaria ao seu tamanho, tão grande e infinita.
Devia haver algum motivo verdadeiro para prender um Rei em um quadrado de vidro, o leão pensava consigo mesmo. Encostou sua enorme pata nos dedinhos dela e pensou se algum dia os animais estariam observando, com curiosidade, humanos presos, em visitas a antropológicos.
Ela beijou o vidro e foi embora. E o Rei voltou a dormir em um dos cantos do quadrado de vidro.



Cada Rei na sua selva. Prender animais silvestres é crime!

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