domingo, 8 de janeiro de 2012

Imutável

Morava sozinha na Alemanha. Longe dos pais, irmãos, primos, amigos. Longe da feijoada dos sábados e do churrasco dos domingos. Longe das peladas com os meninos da vizinhança durante as férias. Longe das gírias idiotas e dos cajueiros. Falava outra língua, tinha outros amigos, trabalhava para garantir a faculdade. Estudava para garantir que algum dia voltaria ao Brasil e depositaria na conta bancária dos pais todo o dinheiro que eles investiram na mudança de continente da filha. Sentia falta do céu azul e das pessoas de bermudas Mormaii e Havaianas. Mas a gente sempre arranja paliativos pra saudade.. Toda sexta-feira, ela fazia uma pequena xícara de café Pilão, que trazia, em grande quantidade, cada vez que ia para casa, e se acomodava na cama para assistir no YouTube um samba, um episódio do Jô ou umas vídeo-cacetadas. Aquele era o prazer garantido, fixo, confortável. Imutável. Café quente, lençol limpo, vida renovada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário