A ligação chegou às 07h 07 da manhã ao departamento de Homicídios. Em poucos minutos, os detetives Serafim Teles e Carolina Fontes estavam no local do crime, onde uma adolescente nua e enrolada nos próprios cabelos estava, nada cuidadosamente, jazindo embaixo de uma das latas de um lixão abandonado.
O lugar já estava isolado, embora houvesse (não tão) pequena aglomeração de pessoas querendo saber o que acontecera. A mulher que parecia ser a mãe da vítima chegou, logo depois, aos prantos, no local. Serafim odiava esses momentos desconfortáveis em que era obrigado a ir conversar com ela, embora preferisse examinar a vítima.
Um dos peritos do local, algumas horas depois, entregou o relatório aos detetives.
- Ela só tem sete dedos. Não apresenta sinais de nenhum tipo de violência física. Está morta há, pelo menos, sete horas - disse Carolina, notando a perfeita e, provavelmente, recém-feita, francesinha nas unhas da vítima.
- Isso quer dizer que foi assassinada em torno da meia-noite. Ela se chamava Luísa. A última vez que a mãe a viu foi perto das três da tarde, quando deixou a filha na escola. A mãe diz que ela saiu com os amigos à noite, mas não sabe que amigos eram. Isso quer dizer que procuramos por fios de cabelo, digitais, sinais de envenenamento ou estupro e lesões internas.
O corpo cor de vela de Luísa foi levado ao necrotério para que o médico legista, Leandro, pudesse avaliá-la. Fora a mãe, ninguém a procurou. Serafim ficou investigando o local do crime, e Carolina voltou ao escritório para tentar reunir mais informações, em redes sociais, sobre a vítima.
Carolina, já exausta, quase meia-noite, decidiu que não sairia do escritório até encontrar alguma coisa para dizer à desamparada mãe no dia seguinte. Ia fazer café, tomar uma aspirina para curar a dor-de-cabeça e continuar procurando. Esse era o plano, e ele teria sido executado, se, ao abrir a gaveta, ela não houvesse encontrado um dedo humano com unhas quadradas e pintura à francesinha.
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