domingo, 4 de março de 2012

Vice-versa

Ontem, quando acordei, meu cabelo estava de cabeça para baixo. Na verdade, a cama estava no teto e o lustre estava no chão. Isso significa que o chão agora era o teto e vice-versa. Calcei os sapatos nas minhas mãos e coloquei luvas nos pés, porque estava muito quente. Para evitar ficar molhada do sol, usei um enorme guarda-chuva. Os peixes estavam estressadíssimos dentro de seus carros por causa do engarrafamento e as camas reclamavam porque estavam se sentindo usadas pelas pessoas. Os telefones não aguentavam mais a vida em cima de mesas ou grudados em paredes e a loja de motos estava lotada, porque eles estavam fazendo empréstimos. Os pinguins da Antártida estavam dando uma grande festa, à qual compareceram todos os leões da África, araras do Brasil e pandas da China. Os iPods colocaram suas pessoas para carregar e passaram o dia escutando elas, enquanto os óculos de grau estavam fazendo bronzeamento artificial para ficar mais parecidos com os óculos de sol. A Lua começou a tomar suplementos e malhar para ficar do tamanho do Sol e Plutão resolveu trocar de lugar com Mercúrio. Os chinelos começaram a ter cadarços e os tênis resolveram ser feitos de borracha. O poste mudou seu nome para telefone e o telefone preferiu se chamar alho. O azul agora era verde, e o verde era amarelo, e qualquer cor podia ser o preto. Tartarugas dançavam ciranda-cirandinha em cima da mesa, que era feita de uvas enfileiradas, e bolinhas de gude resolveram morar em formigueiros. As nuvens eram coloridas e o céu também mudava de cor. Chovia chocolate. Alguém pichou uma carinha feliz no sol e colocou pulseiras em seus raios. O normal resolveu que queria ser diferente e vice-versa.

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