O bilhete do segundo dedo dizia "o sétimo dia", e Serafim supôs que deveria esperar até que sete dias houvessem se passado desde que Luísa morrera, mas foi repreendido por Carolina, que disse que detetives nunca esperam e que aquilo podia ser a data da morte da próxima vítima. Sem sucesso, eles passaram os cinco dias seguidos procurando mais pistas.
Quando o sétimo dia chegou, Serafim recebeu uma visita da mãe de Luísa, Eloá, que falava palavras sem nexo e estava em prantos. Depois de algum tempo, ela revelou aos detetives que entrara no quarto da filha para fazer uma faxina e encontrara um dedo decomposto embaixo do travesseiro. Em minutos, estavam de volta à casa, Carolina recolhendo o dedo e Serafim procurando o terceiro bilhete.
"7"
- Esse cara deve ter uma fixação pelo número sete - ele resmungou. - Que diabos ele quer que eu entenda com isso aqui?
- Venha, vamos voltar, deve haver alguma explicação racional e eu aposto como você vai sonhar com ela hoje.
Deixaram a casa e voltaram ao escritório, entregando o dedo ao legista e sentando-se para analisar o bilhete. Carolina foi até sua mesa buscar uma lupa, e, ao abrir a gaveta - a mesma em que encontrara o primeiro dedo - encontrou uma folha de papel inteira, ao contrário das outras.
"6"
- Para ter colocado isso aqui, ele deveria saber que eu voltaria ao escritório e que abriria essa mesma gaveta - refletiu. Analisaram o bilhete e levantaram hipóteses improváveis por mais algum tempo, até que Serafim se cansou e resolveu ir tirar o atraso de sono. Abriu o armário para buscar o casaco, e o que encontrou foi outra folha de papel.
"5"
- CAROLINA!
Então ela entendeu tudo.
- Quanto tempo faz desde que saímos da casa de Eloá?
- Hum.. Duas horas.
- Há duas horas encontramos o número sete. Então, encontramos o seis. E agora, suponho que tenha se passado mais uma hora, o cinco. Ou tem alguém brincando com a gente e tentando se passar pelo assassino, ou ele está aqui dentro.
- E se ele estiver aqui dentro e contando as horas, alguma coisa deve acontecer em cinco horas.
- A próxima vítima, só pode ser isso. Já temos os três dedos que faltavam em Luísa. Mas onde?
- Na sétima a partir da sétima! Na rua Maria Antonieta!
Dirigindo como um ás do volante, Serafim levou Carolina ao local onde encontrara o segundo dedo, mas a rua não estava mais lá. A rua Maria Antonieta sumira? Mas estivera ali, ele não podia tê-la imaginado, porque foi onde encontrou o segundo dedo de Luísa. Voltou, confuso, ao cruzamento da rua que descia o rio com a sétima, onde Luísa fora encontrada. Ia dobrar. À esquerda, não havia sete ruas. Dobrou à direita. Desceu até a quinta e última rua antes do rio, a av. Eurípedes B. Milano, e contou mais duas. A sétima. Estavam no Parque dos Aguateiros. Desceram, com as armas em punho.
E lá estava, nu, entre algumas árvores e embaixo de algumas folhas, enrolado em seus próprios cabelos e sem dois de seus dedos, o corpo da segunda vítima.
Você escreve realmente muito bem. Uma pena a sua pouca idade.
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