Maria Erny Simões Rosa nasceu em 1 de junho de 1927, no Rio Grande do Sul. Perdeu o pai ainda bebê. Cresceu, casou e teve uma filha, Vera Maria. Quando as duas estavam adultas, resolveram deixar os maridos e migrar para Roraima com os dois filhos de Vera: George e Analu. Chegaram em 1977. Vera escolhera Roraima por causa de sua profissão - assistente social - que ainda não tinha representantes no estado. Aliás, naquela época, só os cajueiros tinham representantes por aqui.
Em 1979, Vera faleceu, devido a um grave acidente entre uma moto, na qual ela estava de carona, e um caminhão. Isso deixou Maria sozinha com os dois netos para criar. Ela abriu uma escola, Nosso Lar - em homenagem à obra de Chico Xavier -, que veio a ser a primeira escola particular do estado de Roraima. George fez parte do Complexo A, o primeiro grupo de dança do estado, e foi o primeiro a realizar uma conexão de internet em Roraima. No começo dos anos 2000, Maria lutou contra o câncer, e se recuperou. Era uma mulher muito forte. Ela fechou sua escola em maio de 2008 e veio a falecer dia 10 de novembro do mesmo ano. Deixou dois netos e três bisnetas.
Uma delas sou eu.
Esse post é dedicado à minha bisavó paterna, Maria Erny Simões Rosa, de quem não herdei o nome, apenas o sangue. Tenho orgulho de ter sido alfabetizada por ela e da história que ela deixou para trás. Hoje faz 2 anos que ela me deixou e a dor é a mesma do dia em que acordei e soube que não a tinha mais disponível para abraços. Nunca pude me despedir, talvez tenha sido isso. Ela tinha um nariz arrebitado, bem gaúcho, como papai, e cabelos grisalhos e enrolados. Suas unhas eram compridas e estavam sempre pintadas. Ela adorava palavras-cruzadas. Tinha uma bíblia que eu não conseguia carregar e uma geladeira sempre cheia de doces para mim. Não dizia 'tchau' antes de desligar o telefone. Não gostava de gatos. Dizia que o assovio do meu pai era igual ao do falecido irmão. Lembro que ela tinha, no corredor, várias homenagens de pessoas importantes que alfabetizou. Lembro da enorme árvore na parede da escola cujas folhas traziam escritos os nomes de cada aluno. Não me lembro de quanto tempo faltava para sua morte quando a abracei pela última vez, mas eu me lembro que, quando nossos corpos se tocaram, ela sussurrou que nos abraçássemos sempre por longos períodos de tempo, caso não houvesse um próximo abraço. Sábia vovó. Nunca tive a oportunidade de te dizer a falta que você faria.
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