quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Belos e Malditos
Por favor, cliquem no player acima para escutar a canção Belos e Malditos e aguardem alguns segundos para ler o texto enquanto a escutam. Obrigada!
Eram lindos, como anjos. Tinham feições diferentes de todas as outras, eram elegantes, perfumados. Todos os aspectos daqueles quatro homens que, durante o dia, trabalhavam em escritórios e usavam ternos e sorrisos amigáveis, atraíam as pessoas. As mulheres bradavam-nos belos, e os homens, malditos.
Quando a noite chegava - não a noite que vinha logo depois do entardecer, e sim a que vinha antes da madrugada - eles sentavam-se nas cadeiras do bar Vinho Tinto e tomavam bebidas azuis. As mulheres logo se aproximavam, e eles sorriam, estendiam os braços, e as conquistavam; sumiam sempre antes do amanhecer. Eles eram acostumados a ouvir palavras de amor, sentir carinhos e receber olhares apaixonados - sabiam fazer isso sem sentir nada além do prazer de iludi-las.
De jeito nenhum, aparentavam ser tão multifacetados. Distribuíam toques suaves, beijos doces e olhares angelicais. Ao entrarem no bar, sem os ternos e as gravatas e com as camisas sociais cuidadosamente desarrumadas, ouviam as pessoas sussurrarem, os homens bufarem e as mulheres suspirarem. Eram anjos demoníacos, o lado escuro do paraíso, belos e malditos.
Inspirado na música homônima da banda Capital Inicial.
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