Eu já não tinha mais medo, receio ou curiosidade. Estava conformada com o destino que julgava ser meu. Andava, decidida, com passos firmes e frios. Aproveitava todos os meus sentidos. Meus pés tocavam com carinho a areia, meu nariz ardia um pouco com o cheiro salgado, meus olhos se aproximavam do enorme despenhadeiro e meus ouvidos percebiam, a cada passo, o fim me chamando. Cheguei ao fim do caminho, entre a areia e o mar, só havia meu corpo. Despi-me, para que alguém, que, no futuro, me procurasse, soubesse onde eu estava. Balancei-me perigosamente, peguei todo o impulso possível e saltei, cheia de malícia.
Eu estava voando, o vendo era gelado e o barulho da velocidade era inconfundível. O dourado de meus cabelos não se misturava bem à paisagem cinzenta. Aproveitei o vento e a queda livre para me mexer um pouco e soltar uma última gargalhada. Por fim, retesei o corpo e fechei os olhos. A água era meu destino final.
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