sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Sobre Humanidade
Sou o Sargento John Gebhardt, e sou superintendente da Vigésima Segunda Ala Médica da Base McConnell da Força Aérea Americana, no Kansas. Em Outubro de 2006, fui chamado para ir à Base Balad, no Iraque. Tenho uma experiência muito extensa, já ocupo meu cargo há alguns anos e, consequentemente, já vi todo tipo de horror que acontece às pessoas. Fui treinado para não me importar com isso, e me acostumei com o tempo, a sujar as mãos de sangue. Mas é absurdamente incrível como você pensa que já viu de tudo, que aguenta tudo, e aí encontra alguma coisa que nunca imaginou.
Eu estava andando com meus soldados, quando avistei algumas pessoas em um pequeno aglomerado ao longe. Aproximei-me, e vi uma garotinha no chão. Informaram-me que ela e sua família foram atacados, e assassinados a sangue frio, e a garotinha fora baleada várias vezes na cabeça e não morrera. 'Isso é que é a mão de Deus', pensei. Quando se faz o que eu faço, é preciso acreditar em alguma divindade.
As pessoas estavam assistindo a menina sangrar e esperando que ela morresse. Eu a peguei no colo e mandei alguém buscar ajuda. Ela foi levada para o hospital de Balad, onde eu estava. Passou bem pelas cinco cirurgias que fez, mas estava sempre estável. Nunca progredia. Um dia, eu fui ao seu leito e a peguei no colo. Levei-a para uma cadeira e cochilamos juntos. Fiz isso quatro noites seguidas: eu e ela andávamos pelo hospital o dia inteiro e, à noite, dormíamos, sempre juntos, na mesma cadeira. No quinto dia, eu a coloquei de volta no leito. Fui chamado pela enfermeira, e ela me informou que a garota tinha melhorado e estava quase pronta para ir embora.
Dizem que homem que é homem não chora - eu discordo e digo que homem que é homem chora quando vê o que eu vi. Humanos são humanos e tem vezes que nem todos os remédios e nem todas as cirurgias bastam. Humanos são humanos e sempre precisarão de outros humanos. Para a humanidade inteira, a melhor cura é sempre um abraço.
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