Eu estava andando por São Paulo, em plena Avenida Paulista. Estava frio, e o céu estava cinza. As pessoas andavam pela rua com suas roupas acinzentadas e cabeças abaixadas.
Aquele me parecia um dia como outro qualquer, naquela cidade: cercada de gente, tentando ser discreta e prestando atenção a todos os detalhes. Eu me perdia entre tantos prédios e tão poucas árvores.
De fato, aquele teria sido um dia como outro qualquer para mim e todas as outras pessoas que, como eu, andavam pela Avenida Paulista, se algo não nos tivesse pego de surpresa.
Em meio a toda a movimentação da cidade-formigueiro, um enorme pássaro verde cruzou o céu e desapareceu. Poucas pessoas viram, e estas gritaram 'Olhem, um passarinho verde!', chamando a atenção das que não tinham visto. Como se a aparição daquele animal já não fosse excepcional o suficiente, ele voltou. Mais uma vez, em um gesto majestoso, ele veio como se soubesse que havia centenas de pessoas paradas, encantadas com o que viam. E pousou em um fio onde todos podiam vê-lo.
Para quem vem da Amazônia e vê tucanos e tamanduás todos os dias, um pássaro verde cruzando o céu não é nada demais. Mas para os paulistas, que raramente - ou nunca - vêem animais silvestres, aquilo era um acontecimento quase milagroso.
Verde significa esperança. Mas um pássaro verde que cruza a Avenida Paulista significa milagre. E o singelo animal nem imaginava que havia transformado tantas pessoas cujas vidas nunca mais foram as mesmas depois de ter experimentado um pouco da beleza da vida que não é o homem quem constrói.
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