Namoraram durante alguns anos até que ele teve que ir embora do estado para fazer faculdade. Queria ser piloto. Ela era muito jovem, era bonita, era boa de papo, era difícil. Muito difícil. E por isso, todos a queriam. Eles terminaram e ela teve mais um ou dois, mas eram rolos de noite. Um beijo, dois beijos. Ela ia embora. Sofrera demais por uma vida inteira e tinha medo de sofrer de novo. Ele era charmoso, simpático e sedutor. Teve mais algumas, mas manteve o foco nos estudos.
Ela se mudou para os Estados Unidos para fazer faculdade. Arranjou emprego em um aeroporto. Era da equipe de terra e orientava os passageiros que desembarcavam.
Um dia, ela estava trabalhando. Era só mais um dia. Ajudava uma senhora quando sentiu o inconfundível perfume. Olhou para a frente e o viu, com uma camiseta branca com berimbelas e um quepe. Estava acompanhado da tia e de algumas primas. Ela ofereceu ajuda, olhando nos olhos dele, mas vendo através das pupilas dilatadas.
Trocaram informações e ela pediu a um colega para substitui-la por quinze minutos. Correu até a pista. Era perigoso e proibido, mas ela queria estar lá. Sentia-se segura. Chorou tudo o que guardara ao longo dos anos.
Ele colocou a mão sobre o ombro dela.
- O que foi?
- Nada.
- Não fale como se eu não te conhecesse.
- Não é nada que eu deseje compartilhar.
- Então o problema sou eu?
- Não. É a falta de você!
- Falta?
- É. A lacuna a ser preenchida em mim. Trabalho aqui para me sentir mais próxima de você.
Ele a abraçou, apesar da relutância. E aquele momento jamais caberá em uma postagem de blog. Foi reconfortante, cheiroso, macio, charmoso, saudoso, foi tudo o que um abraço deve ser. Além disso, foi esclarecedor. Mesmo depois de um fim com tantas lágrimas e tanto ressentimento, eles seriam namorados para sempre. Se aquilo não era destino, o que mais seria?
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