Eu adicionara um novo tópico à minha lista de coisas a fazer antes dos dezoito anos: ver o sol nascer. Na primeira vez que tentei, todas as janelas e portas da casa da minha amiga estavam trancadas e tinham o vidro fosco. Dessa vez, eu estava em casa. Passara a noite acordada inventando o que fazer. Eram 5h 15 quando eu levantei e abri uma janelinha acima da porta principal.
O vento gelado da madrugada assoprou no meu rosto e o cheiro do sereno invadiu minhas narinas. Os passarinhos e o galo cantavam. O céu estava azul-celeste, rosa-algodão-doce, laranja-cenoura e tinha nuances de violeta-tapa. Era, sem brincadeira, irresistível. Senti vontade de sair correndo e gritar. O dia amanhecia diante de mim, para mim. O rosa e o laranja foram clareando e dando lugar a um estonteante azul. O violeta pouco se fez notar. Uma gigante esfera brilhante saía por trás das árvores. Corri até a cozinha para pegar a câmera, mas tinha esquecido de botá-la para carregar - ficaria só com a lembrança dos olhos.
Eu sentia as cores no meu rosto. O dia amanhecia e transbordava felicidade.
A Torre Eiffel é linda. O Cristo Redentor é único. Macchu Picchu é inacreditável. Mas o nascer do Sol é - apesar de tão mais simples - tão puro que não pode ser explicado com palavras.
Eu presenciava uma coisa para poucos. Meus pais, mesmo, estavam perdendo aquilo. E eu estava lá quando a hora mais bonita do dia aconteceu. Depois das 5h, antes das 6h. Eu recomendo. Não tem nenhuma experiência que se pareça com a de assistir de camarote o nascer do Sol e ver o dia amanhecer só para si.
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