sábado, 10 de setembro de 2011

(Sacaneando com) Cristóvão


Oi, eu sou o Cristóvão. No post anterior, contei a vocês a versão da minha história que é fiel à história que contam pra vocês na escola. Bem, aquela história é pra rinoceronte dormir. Vou contar a história de verdade e, bem, prometam que não vão colocar isso nas provas de vocês.
Eu nasci em Gênova, na Itália. Queria tornar-me navegador e descobrir outro continente, então sugeri aos governantes do meu país que me deixassem navegar alguns meses em linha reta, já que a Terra era redonda. Algum dia chegaria em algum lugar. Eles riram na minha cara e me mandaram ir dormir. Fiquei puta-revolts e vazei pra Espanha. A linda da rainha de lá vendeu as jóias dela e me deu três caravelas.
Fui.
A viagem demora, sabe como é não, não sabe porque hoje existem aviões. A gente tem tempo pra pensar em coisas absurdas. Mas eu, homem centrado e futuro descobridor de continente, pensei em que nome daria à minha descoberta. Pensei em Colômbia, pra combinar com meu sobrenome. Pensei em Colombo. Mas "descobrir Colombo" não fica muito sonoro. Cristoviana, Novo Cristóvão, Cristóvã. Cristóvã, a terra do futuro. Cristóvã, o novo mundo. Cristóvã. Poderia repetir isso mil vezes por dia.
O tempo passou, a comida acabou, um monte de gente morreu. Estavam organizando um motim. E daí? Eu seria o descobridor da Cristóvã. FO-DAM-SE.
Eles iam me matar mesmo e tal! Mas aí um dos manos gritou "Terra à vista!" e tudo mudou. Alguém perguntou se tinham jogado areia nos olhos dele. DELS, que piada péssima.
Descemos, comemos umas frutas e umas minas, cheiramos umas coisas, bebemos água pura e cristalina. Eram selvagens valentes que viviam de caça, pesca, frutas, raízes e sementes. E talz. Bando de pretos.
Parei e dei um grito. "BEM-VINDOS AO NOVO MUNDO! VOCÊS ESTÃO PRESENCIANDO O DESCOBRIMENTO DA CRISTÓVÃ!" /UAAAAAL, vomitei arco-íris
Aí, do nada, chegou um branco.
"Olá, bem-vindos à América."
COMAÇIM AMÉRICA? É CRISTÓVÃ, MERMÃO
"Como assim, senhor? Meu nome é Cristóvão Colombo e eu acabei de descobrir a Cristóvã."
"Bem, seu Calombo, como pode o senhor ter descoberto um novo continente se eu já estava aqui e já cartografei as áreas próximas? Meu nome é Américo Vespúcio e eu descobri a América, que por acaso é esse continente que o senhor está agora."
É COLOMBO, PORRA. CALOMBO É O QUE EU VOU FAZER NESSA SUA BOCHECHA ROSADA
Fazer o que, né? Gente civilizada - leia-se "gente daquela época" - não ia pra porrada. Aceitava e xingava a mãe, as tias, primas, avós, avôs, papagaio, periquito, basilisco e/ou dragão bem baixinho.
Então, eu voltei da viagem obsoleta com minhas caravelas obsoletas, minha tripulação obsoleta e a minha bosta de vida obsoleta que não fazia mais sentido, já que aquele português do Américo Vespúcio roubou meu continente.
Americanos, a partir de agora, saibam que essa é a história de verdade. Autodenominem-se Cristovianos. Assumam suas origens. Mas, de novo, não coloquem isso nas provas de vocês.

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